Hansi estava deitado sobre a grama, à margem de um riacho. Rynlon, ao seu lado, saboreava a carne de uma lebre suculenta. O sentinela observava as estrelas, ele sabia o nome de muitas delas. Naquele exato momento apreciava a constelação do hipogrifo
Apesar da atmosfera
Um uivo alto ecoou pela noite. Rynlon se levantou abruptamente e começou a caminhar apreensivo. O sentinela não entendeu porque o animal ficara daquele jeito: sempre houve lobos naquela floresta e não era de se espantar que eles uivassem naquela noite de lua cheia. Tentou acalmar o cão, mas não obteve sucesso. Alguns minutos depois, o cachorro começou a ladrar em direção à margem oposta do riacho. Hansi espremeu os olhos para aquele lado e demorou para enxergar alguma coisa. Por fim, avistou uma forma saindo de trás das árvores.
Era, de fato, um lobo, mas havia algo de estranho nele. Sua pelagem parecia tão escura quanto as sombras da noite. O lupino caminhou até a beira do córrego e parou. Olhou na direção de Rynlon - que parara de ladrar - e, em seguida encarou Hansi. Havia um brilho
Veio a aurora, e com ela o canto de muitos pássaros. O seu cão já estava acordado quando Hansi se levantou. O meio-elfo juntou suas coisas e foi atrás de Adennon. O arqui-ranger morava numa pequena cabana de madeira e palha numa clareira da floresta. Era nesse lugar que os millikars haviam se reunido no dia anterior. A porta se abriu antes que o sentinela pudesse bater. Um homem velho - mas vigoroso - surgiu diante dele e o saudou com um sorriso:
- Olá, Hansi. Eu queria mesmo falar com você. Entre.
A cabana tinha uma mobília muito simples. Pouco mais do que uma pequena mesa de madeira, alguns bancos e uma cama de palha. Mas as paredes eram densamente adornadas. E Hansi achou aqueles adornos mais interessantes do que quaisquer pinturas que pudessem enfeitar a casa do mais rico dos nobres. Havia meia dúzia de arcos, um par de bestas e mais de dez adagas e espadas leves. Nenhuma arma era igual à outra, elas diferiam em tamanho, forma ou no material de que eram feitas. O sentinela desconfiou que cada uma tinha uma história diferente pra contar
- Algo o aflige, meu jovem?
- Ah... sim. Na noite passada, vi um animal bastante estranho. Um lobo de pelagem muito escura. Ele tinha um olhar esquisito, como se estivesse me julgando. Rynlon pareceu muito desconfortável na presença dele.
- Hmm... Um worg, talvez. Essas criaturas não habitam nossa floresta. Mas sei que há um bom número delas nas montanhas do oeste. Não são lobos normais. São predadores astutos e vis.
- Lembrarei dessas palavras caso encontre um deles novamente.
- É bem possível que isso aconteça. Pois quero que você continue patrulhando a borda oeste de nossa mata.
Hansi ficou supreso com essa palavras. Porque era exatamente a ala ocidental da floresta que ele gostaria de patrulhar.
- Eu... irei.
- Mas não irá sozinho.
Mais uma vez, o meio-elfo ficou surpreso. Sabia que o arqui-ranger estava mandando os patrulheiroso andar em pequenos grupos, mas Hansi sempre vagara sozinho pela floresta, não esperava ter que andar com alguém além de Rynlon.
Absorto em seus pensamentos, o patrulheiro não percebera a chegada de uma figura à entrada da cabana. O estranho homem vestia um peitoral de couro simples, usava uma capa e um capuz. Trazia uma espada leve de lâmina curvada presa ao cinto e o rosto estava coberto por uma estranha máscara de pano azul desbotada
- Ah, esse é Tolkki. Ele o acompanhará nas patrulhas.
Longe dali, além dos limites da floresta, uma pequena gruta se abre aos pés das montanhas. Uma figura canina - recém-chegada - narra sua incursão na floresta enquanto uma mão de coloração esverdeada acaricia o seu pelo negro. Quando o animal termina o relato, uma voz imponente se propaga pelo local:
- Bom trabalho, meu amigo. Bom trabalho.
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[1] Sehanine Moonbow é a deusa élfica dos mistérios, do céu, da lua e das estrelas. Seus servos atuam como conselheiros espirituais, realizam funerais e velam pelos mortos.
[2] Millikars, são os guardas de Mielikki, deusa cultuada por rangers, fadas e outras criaturas das florestas.
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Este post é o segundo sobre Hansi, o sentinela. Espero ainda escrever bastante sobre esse personagem. Pra quem não leu o primeiro, ou quiser reler, veja aqui.