14 de out. de 2009

Hunter Files: Prelude

- Com licença.

- Por favor, sente-se, senhor... Macllister. – disse o psicólogo consultando seus arquivos. Como vai?

William tentava mostrar-se confiante, mas sentia-se muito desconfortável – não tivera boas experiências com psicólogos e psiquiatras antes. Observou discretamente o consultório: a pequena mesa tinha pouco mais do que um notebook e um calendário, havia atrás do psicólogo uma estante com vários livros e as paredes tinham quadros de paisagens. Voltou-se novamente para o homem à sua frente e respondeu:

- Eu estou bem, doutor. Mas, sinceramente, eu acho que não deveria estar aqui. Eu não concordo com essa “política da empresa” de obrigar seus funcionários a fazer tratamento psicológico.

- Eu sei, senhor Macllister – respondeu pacientemente o psicólogo. A maioria acha isso estranho no começo mesmo. Entenda que o senhor não está aqui para fazer um tratamento, ninguém está afirmando que há algo de errado com o senhor ou qualquer outro funcionário. A empresa na qual trabalha está interessada em aumentar sua produtividade através da melhoria na eficiência de seus empregados.

- O que tem uma coisa a ver com a outra, doutor? - Will observava curioso, a racionalidade do homem o surpreendera.

- É simples, William, as empresas hoje estão exigindo cada vez mais de seus funcionários: a jornada de trabalho é longa, a demanda por resultados é constante... Tudo isso somado aos problemas pessoais de cada indivíduo costumam causar um estresse – e estresse implica em queda da produtividade. Isso, obviamente, é algo que os empresários não querem. Pesquisas recentes mostram que empregados que tem sessões periódicas com psicólogos apresentam, em média, um desempenho maior que os demais.

- Fascinante! A empresa egoisticamente preocupa-se com o bem-estar dos seus funcionários como forma de aumentar seus lucros.

- Exatamente – disse o Drº Jones sorrindo. Minha dissertação foi sobre esse tema, tenho uma cópia aqui, caso lhe interesse...

- Não, não. Tudo bem, doutor, já estou convencido.

- Ótimo, agora já podemos começar. Fale-me um pouco sobre você.

E Will falou. Seu nome era William Macllister, estava com 29 anos e era um contador. Tinha um irmão mais velho e não se dava bem com o pai, sua mãe morrera num acidente de carro quando ele tinha 15 anos. Era viciado em romances policiais quando adolescente e queria tornar-se um escritor quando adulto, mas acabou entrando na Universidade e formando-se em Contabilidade.

A sessão caminhara por assuntos de pouca importância. Mas, em dado momento, o Drº Jones deu uma olhada em seus arquivos e disse:

- Vi em sua ficha, senhor Macllister, que esteve por mais de 1 ano internado numa clínica psiquiátrica. Não gostaria de falar mais a respeito?

Por um instante, William foi tomado de fúria, teve vontade de esmurrar a cara daquele velho, como podia pedir-lhe para contar sobre algo tão traumático? Mas, tão rápida quanto surgiu, a raiva passou. Will acabara de perceber que havia um som suave no ambiente, parecia música clássica e seu efeito era tranqüilizador – não notara antes, mas havia pequenas caixas de som na estante do psicólogo. Recostou-se na poltrona – e como ela era confortável! – e olhou distraído para o lado: percebeu que um dos quadros não era de paisagens e sim uma réplica da pintura de Michelangelo, “A Criação de Adão”. Parecia que estava num ambiente diferente daquele que vira meia hora atrás quando entrara por aquela porta.

- Muito bem, doutor – respondeu após um longo momento de silêncio. Vou lhe contar tudo a respeito.

5 de out. de 2009

How they grow up fast

Pernalonga


Monty Python and the Holy Grail



...'cause old rabbits die hard.

Rascunhos de uma mente, há 4 anos mostrando... os rascunhos de uma mente.

20 de set. de 2009

The Haunted Ghost

The blade of chaos swung through the air and hit the man's ankle. He fell to the ground screaming like a nearly slaughtered animal, his leg was bleeding and burnt. Kratos bent down and looked at his face:

- WHERE LIVES THE WITCH? – his voice was pure fury.

- I-I don’t know… - the man could barely speak.

- That girl over there is your daughter, isn't she? – the warrior said pointing to a young woman laying on the floor - She’s still alive. If you tell me where the witch lives I’ll let her go unharmed. If you don’t… I’ll rape her a hundred times then cut her in a thousand pieces and let her to the pigs.

The horror overwhelmed the old man. He could barely breath, his hands and lips were shaking.

- F-follow the old road up the hills… it’s near the grove. – whispered the man.

- Thanks. – answered Kratos with a wicked smile.

The blade of chaos pierced the man’s heart in a blink of eyes. Kratos stood up and moved to the door. Several bodies lied inside that tavern including the man’s daughter – she was already dead when the Spartan talked to him.


The tiny village was covered on fire and blood. An onslaught had happened, just a few villagers were able to flee to the plains. The responsible for all those deaths was a cursed man with a pale white skin, on his shoulders was the weight of thousands of deaths, the heaviest of them was the burden of his own family.

He met no one on his way to the witch’s lair. It was a tiny cabin made of old wood, when Kratos got close enough, he saw a white owl on the window staring at him with big yellow eyes. He ignored the animal and yelled at the door:

- Show yourself, witch! I know you live here!

It took only a few seconds for the sounds of steps to come out from the house. A old woman dressed with white rags appeared at the door. She pointed at the warrior and said in a prophetic way:

- I know who you are, Ghost of Sparta. Why have you come to me? Why have you spilled so much blood just to find me?

- If you know who I am, you know why I am here. – shouted the Spartan – The gods have cursed me, I want you to use your powers to take it off from me.

The old woman laughed in a wicked way then looked to the warrior with sharp eyes.

- What the gods have done, only the gods can undo.

- Then your life has no meaning to me.

The Blades of Chaos danced once again. The flesh and bones of the old woman were cut and crushed several times. Kratos was covered in blood and pain. It had been a long journey to that village – it was all in vain. Every single night in the last years that warrior had nightmares with the day he killed his own family in a blind rage. He looked to the sky searching for any sign of hope but the only thing he saw was a white owl flying away…

______


Kratos é o protagonista do jogo God of War lançado para Playstation 2 em 2005. O game, ambientado na Grécia Mitológica, é recheado de elementos fantásticos, ação desenfreada e muita violência. Somando isso a uma história bem elaborada e uma trilha sonora bastante empolgante dá pra ter uma idéia porque ele ganhou vários prêmios em 2005 e foi considerado um dos melhores jogos lançados para PS2. Segue abaixo uma pequena amostra.

God of War I – Gameplay


God of War III - Trailer

19 de jul. de 2009

Carta ao Capitão Baleog

Saudações, Capitão Baleog

Conforme solicitado pelo senhor, novos recrutas estão a caminho para juntarem-se ao acampamento do Tenente Volkar. Eles chegarão em Quaervarr nos próximos dias e possuem instruções explícitas para procurá-lo e receberem ordens do senhor. Seus nomes são: Barundar Bloodaxe, Arya Moonstar, Lander Braveheart, Jullian Redwine e Lars Stoneshield. Tomei a liberdade de pesquisar um pouco sobre a origem de cada um deles; nunca se sabe quando um desses recrutas pode ser um espião da Irmandade Arcana ou dos Zhentarimm.

O jovem Barundar é um anão do clã Bloodaxe, conhecido por seus guerreiros ferozes; eles já defenderam Sundabar em incontáveis batalhas contra invasores orcs, sempre lutando de forma selvagem e determinada. Apesar de não serem muito bem vistos pelos outros anões da cidade, todos reconhecem o valor e a importância dos guerreiros do clã. Meu conselho é que dêem um machado para ele, joguem-no no campo de batalha e não cheguem perto.

A senhorita Arya Moonstar é de uma família abastada de Silverymoon; segundo meus contatos, os Moonstar estão quase falidos atualmente. É possível que ela tenha ingressado no exército como uma forma de fugir dos cobradores de débitos. Descobri que Arya estudou magia no Colégio da Senhora por vários anos e estou certo de que alguém versado nas artes arcanas pode ser bem útil ao Tenente Volkar.

Lander Braveheart vem do Poço de Beoruna e pertence ao uthgardt da tribo dos Leões Negros. A informação que eu tenho é que acordos comerciais já foram firmados entre a vila e casas mercantis atuantes nas Fronteiras Prateadas, tudo indica que esses “ex-bárbaros” queiram ingressar na Liga. Braveheart é um guerreiro habilidoso e fiel devoto de Torm e assim como outros jovens guerreiros da tribo parece ter ingressado no exército para demonstrar o apoio bélico que o Poço de Beorunna pode dar ao exército das Fronteiras.

Jullian Redwine é de uma família de halflings que já causou muitas dores de cabeça às autoridades de Everlund, Silverymoon e Sundabar. Responsáveis por dezenas de furtos e contrabandos na região, eles foram capturados a poucos meses nas proximidades de Silverymoon. Ciente do potencial que o jovem Jullian poderia ter como batedor e espadachim, foi proposto um acordo com ele para reduzir sua pena e de sua família. Seus talentos o servirão bem e, embora eu não ache que ele tentará fugir, é sempre bom manter os olhos atentos para seus pertences.

O anão Lars Stoneshield é um jovem guerreiro do Salão de Mitral, cujo clã caíra em desgraça séculos atrás, quando seus membros abandonaram os Battlehammer num momento de grande necessidade. Quando o Rei Bruenor marchou para reconquistar o Salão de Mitral, Lars e seu irmão alistaram-se no exército com o intuito de apagar a mancha no passado do clã. Hoje, o anão é um soldado obstinado, disposto a tudo para resgatar a glória dos Stoneshield.

Bem, essa é toda informação que consegui sobre eles, acho que será suficiente. Gostaria de poder enviar mais homens para reforçar os acampamentos da região, mas infelizmente não haverá mais reforços antes do inverno.

Rogo para que os deuses o guiem nessa árdua tarefa, capitão.


- Comandante Erik Silverblade, III Batalhão da Legião Argêntea
_______________________


Bem, pessoal, como esse é o 100º post do Rascunhos, aqui vai um pequeno bônus para os 1d6+2 leitores do blog: um mini-texto extra e um desenho feito pelo meu irmão. Espero que gostem.

***

- Senhor, um dos batedores está de volta.

O líder dos orcs, ao receber a notícia, logo se aproximou do goblin que voltara ao acampamento e disse:

- Onde estão os outros, goblin? O que aconteceu?

- E-estão m-mortos, senhor. Nós emboscamos um grupo de aventureiros, mas eles eram muito fortes, mataram todos os outros.

- E como VOCÊ sobreviveu?

- Er... eu... estava escondido, senhor; isso, escondido. Por isso eles não me viram.

- Malditos aventureiros! Eu os quero mortos. Procure Skruush, ele é nosso melhor desenhista. Quero um retrato-falado desse grupo de aventureiros.

O goblin sobrevivente passou horas descrevendo ao Skruush aqueles que atacaram e mataram os membros da patrulha a qual pertencera. Quando a ilustração ficou pronta, levou-a a seu líder e disse:

- Chefe, aqui está o desenho.

- Ótimo! Espalhem cartazes com essa imagem por todos os lados. Eu quero esses malditos aventureiros mortos! Depois que eu matá-los, eles pensarão duas vezes antes de atravessar o meu caminho.

- Mas, chefe, como eles vão pensar em qualquer coisa se estiverem mortos?

- Ah... cale-se! Apenas faça o que mandei!

12 de jul. de 2009

Fronteiras Prateadas - Prólogo

Ah... o Norte. Você provavelmente já ouviu em alguma taverna barulhenta ou de algum viajante várias histórias sobre aquela região. Todas dirão que é uma terra gelada e selvagem, habitada por orcs e bárbaros, ameaçada por nevascas e dragões - um lugar onde sobreviver é uma luta diária. Tudo isso é verdade, mas é apenas uma pequena parte da grande verdade. O Norte Selvagem é também uma terra de música e poesia, de arte e magia, de bravos mortais imortalizados por seus feitos valorosos.

Presenciei a criação de majestosos reinos élficos e esplêndidas cidadelas anãs naquela região. Infelizmente também as vi sendo destruídas por hordas de orcs, batalhões de demônios e exércitos de drows. Quantas histórias foram enterradas? Quantas vidas interrompidas? Quantos heróis sacrificados?

Mas, mesmo diante de tantas dificuldades, eu vi o povo do Norte se reerguer sobre os escombros de seus lares, marchar sobre os cemitérios de seus ancestrais e lutar. Humanos, elfos e anões, embora não soubessem, lutavam lado-a-lado contra os mesmos perigos que ameaçaram seus antepassados. E é essa teimosia resoluta aliada a um espírito singular de companheirismo que faz esses homens e mulheres perdurarem nessa terra indomável.

Recentemente, adensaram-se os rumores de que o temível Rei Obould está forjando um grande exército de orcs para conquistar as terras ao sul da Espinha do Mundo. Num esforço conjunto para resistir à iminente invasão, os líderes das cidades da região firmaram um acordo de proteção mútua que culminou na formação da Liga das Fronteiras Prateadas. Sob a liderança da Alta Senhora Alustriel Silverhand, a confederação representa uma nova esperança ao povo do Norte contra os perigos que ameaçam sua terra.

Uma das primeiras medidas tomadas pela Liga foi montar vários postos de observação nas proximidades das montanhas. Acredita-se que detectar antecipadamente qualquer movimentação do Rei Obould seja a chave para formar uma defesa adequada contra sua horda de orcs. Jovens de cada cidade da Liga foram convocados para servirem ao exército das Fronteiras Prateadas e mandados a regiões inóspitas para atuarem como batedores. Estarão eles preparados quando o perigo iminente surgir?

Uma tempestade se aproxima e nem eu posso prever o que está por vir. Minha experiência diz que o destino nunca fica nas mãos dos grandes líderes, ele sempre recai sobre os ombros de desconhecidos e as ações destes determinam se morrerão no anonimato ou se viverão o bastante para tornarem-se lendas. Resta-nos apenas aguardar.


PS: Estou ficando velho demais para isso.


- Elminster do Vale das Sombras

17 de jun. de 2009

Cavalo leva o dono aos Portões do Inferno

Parecia ser uma manhã normal. Fui à universidade logo cedo, assisti aula e estava voltando para casa. Esperava o meu ônibus tranquilamente quando o incidente aconteceu.

Uma carroça passava em frente à parada de ônibus quando perdeu o controle e invadiu o giradouro próximo à universidade. Um dos passageiros foi arremessado para fora do... veículo e ficou caído sobre a grama do local. O... condutor da carruagem demorou alguns segundos para assumir de volta o controle sobre a feroz máquina de 1 cavalo de potência, amarrando-a bem ao lado do Porteiro do Inferno.


Poucos minutos depois, a figura caída levantou-se - parecia ser uma mulher de meia-idade - e junto com o "motorista" foram a um bar próximo, suponho que para pedir gelo para os hematomas dela.

A manhã teria sido normal, não fosse pelo curioso incidente. Nas mãos de um jornalista escroto, teria virado uma divertida manchete de humor negro. Mas eu cheguei primeiro.

30 de mai. de 2009

Conselho de Guerra

O clangor de aço reverberava pelo ar. Centenas de forjas estavam acesas, os martelos batiam e batiam como instrumentos de uma sinfonia demoníaca. Uma fumaça escura subia aos céus e fuligem cobria os rostos dos ferreiros. O cheiro de suor e cinzas impregnava a Cidadela. Estava quente, muito quente, como se um portão para os Nove Infernos tivesse sido aberto em meio àquelas montanhas geladas.

O rei caminhava pelas vielas da cidade, queria constatar pessoalmente o cumprimento de suas ordens. Muitos de seu próprio povo e mais centenas de escravos trabalhavam até a exaustão, muitas vezes sob chicotadas. Em alguns pontos, corpos mutilados eram exibidos para mostrar o destino daqueles que não executaram suas tarefas apropriadamente.

O sol começava a se esconder no oeste distante quando um mensageiro aproximou-se do rei e disse:

- Meu senhor, Lorog acaba de retornar à Cidadela.

- Ótimo. – respondeu Obould satisfeito – Traga-a até mim.

- Não será necessário, meu senhor. – disse uma voz perto deles – aqui estou.

Mesmo o rei Obould ainda se surpreendia com as aparições de Lorog, a negra. Ela era uma fêmea alta e corpulenta, mas se movimentava de forma silenciosa sob suas vestes escuras. Dotada de uma mente arguta e versada nas artes da feitiçaria, tornara-se a principal conselheira do rei e a líder espiritual do Forte da Flecha Negra.

- Que notícias traz de Scrauth? – perguntou abruptamente o rei.

- Lamento informar, meu senhor, mas seu filho reuniu os soldados que tinha e rumou para o sul, em direção ao Salão de Mitral.

- Insolente! – esbravejou Obould – Como ousa desobedecer minhas ordens!?

- As informações que obtive indicam que Scrauth havia descoberto um caminho secreto até o Salão de Mitral através da face leste das montanhas.

- Tolo, só vai conseguir a própria morte e a dos seus subordinados com essa atitude impensada.

- Meu senhor, – disse Lorog após um instante de silêncio – aceite meu conselho: ataque o Salão de Mitral pelo oeste. A investida de Scrauth não tem chance de tomar a cidade dos anões, mas pode prover a distração necessária para o senhor esmagar os desgraçados com sua força principal. Conceda-me não mais que 100 homens e eu serei capaz de proteger o Forte da Flecha Negra contra possíveis ataques das tribos do oeste.

Obould sorriu por um instante, depois olhou para a fêmea e respondeu:

- Não, Lorog. As tribos do oeste não são mais uma ameaça. Numath e os gigantes já lidaram com eles.

A fêmea ficou visivelmente surpresa com a notícia.

- Araug liderará o ataque ao Salão de Mitral – continuou Obould – e você irá com ele. Se meus filhos estão ansiosos em matar anões e pilhar seus tesouros, não posso negar isso a eles. Mas você proverá Araug com conselhos e feitiços.

- Como quiser, meu senhor.

- A queda de Bruenor e de sua cidade não passará despercebida. Logo Lua Argêntea mandará reforços, e eu estarei esperando.

___________________________________

- Continuação desse aqui.

- Se a inspiração surgir, escreverei um pouco sobre cada um dos líderes orcs envolvidos na história. Ah, e talvez sobre os PJs também. =P

26 de abr. de 2009

Incentivo Familiar

Certo dia, o garoto chegou para o pai e disse:

- Papai, me decidi: quando eu crescer, quero ser um bardo!

- Bardo? - replicou o pai fazendo uma careta.

- É, papai. Quero viajar pelo mundo, declamar poemas em praças públicas, cantar músicas em tavernas, descobrir livros antigos e um dia escrever meu próprio romance.

- Meu filho, você já ouviu a história da Formiga e da Cigarra?

- Não, papai.

- Vou lhe contar, então.

---

Era outono e as formigas trabalhavam dia e noite levando folhas para o formigueiro. Uma delas costumava encontrar uma cigarra que ficava sentada na sombra cantando o dia todo. E a formiga sempre dizia:

- O inverno está chegando, você não devia estar arranjando um abrigo ou juntando comida?

E a cigarra respondia:

- O inverno ainda está muito longe, prefiro ficar aqui cantando do que me preocupar com essas coisas.

Mas naquele ano, o inverno chegou mais cedo. As formigas se abrigaram dentro do formigueiro onde tinha bastante comida, mas a cigarra - que só ficara cantando durante o outono - não tinha um abrigo, estava com fome e com frio. Bateu na porta do formigueiro e disse:

- Deixem-me entrar, estou morrendo de frio.

A formiga do outro lado respondeu:

- Nós trabalhamos duro o outono todo enquanto você ficava só cantando. Do que adianta sua música agora? Morra de frio!

E a cigarra então vagou por dias até morrer congelada sob a neve.

---

- Nossa, papai! Que história triste! - disse o garoto.

- É sim, meu filho. E sabe qual é a moral da história?

- Qual?

- Você pode até se tornar um aventureiro quando crescer, mas... ESCOLHA UMA CLASSE DE VERDADE, PORRA!

________________________


- Isso é o que acontece quando a cretinice é maior que a criatividade. =P

- Allana, nada pessoal, tá? xD

- Antes que o sindicato dos bardos me processe, eu lembro que já fiz um post legal sobre os bardos antes.

6 de abr. de 2009

Anjo de ébano


Do oceano vinha a música
Entoada pelos recifes em coral
Faziam uma sinfonia em si, dó ou ré
Regida ao capricho da maré

E então ela surgiu
E por onde passava, a vida se revelava
Ganhava brilho, desabrochava

Subiu ao palco sob o holofote lunar
E dançou ao som das ondas do mar
Seu corpo mexia e se agitava
Numa explosão sincronizada

Era uma tempestade em meio à calmaria
Era um vulcão de alegria

E todos que a viram, se encantaram
E para muitos contaram, com euforia,
Que um anjo de ébano,
Sob a lua, reluzia


_____________________________________________

A foto é da minha amiga Bianca e foi dela que veio a inspiração para o poema. Eu sei que os leitores do Rascunhos, em geral, não gostam de poemas, mas pelo menos eles podem apreciar a imagem. =]

30 de mar. de 2009

O Missionário Mercenário

Tempus é o deus da guerra e ele favorece os bravos guerreiros de ambos os lados de uma batalha. Mas ele não aprecia derramamento de sangue gratuito, sua igreja ensina a sempre lutarmos pelo que acreditamos e, em Amn, não há crença maior que o dinheiro.

Garret não pôde deixar de sorrir diante das palavras do jovem sacerdote, mas abafou o riso e falou com um leve tom de desdém:

- E o que você tem a oferecer afinal?

Eu ofereço meus serviços como homem-de-armas e curandeiro para a sua companhia. Que os seus adversários sejam os meus e, com as bênçãos de Tempus, seus homens tornar-se-ão lutadores ainda mais fortes e destemidos. Juntos, propagaremos minha fé e multiplicaremos suas riquezas. Tudo por um preço - é claro.

O velho mercenário abriu um sorriso ainda mais largo e sincero, olhou o garoto dos pés à cabeça e respondeu em Thorass:

- Welcome to the Gold Vultures, boy.

_______________________________________

Thorass é o nome de um idioma antigo de Forgotten Realms do qual derivou o atual "comum". Em Amn, o Thorass é amplamente utilizado em documentos oficiais, negociações e contratos comerciais.

23 de jan. de 2009

Par ou ímpar

Vejo o mundo ao meu redor
Tudo parece vir aos pares
Mas um é ímpar
Me, yo, moi

Procura-se a paridade singular
O "mais um" que forma um par
A sinergia pouco sutil
Do um e um que dá mil

Só "eu" não forma nós
Só "eu" não cria laços
Muitos "eus" estão sós
Muitos "nós" aos abraços

Busco alcançar o infinito
Unindo-me a outro subconjunto
Unitário e complementar

16 de jan. de 2009

Ego

Mãos lisas
Rosto áspero
Nos olhos míopes,
O Mal de Dalton

Pés tortos
Cabelo assanhado
Barriga emergente
Escapulário

Sanduíche de pão integral
Cuscuz com açúcar
Leite com nescau

Bécqueres, erlenmeyers, balões volumétricos
Espadas, dragões, icosaedros
Cabeça que bate: pedras rolantes, metais pesados

11 de jan. de 2009

O Adeus de Levy

Caros amigos,

Primeiramente, eu gostaria de dizer que foi uma honra imedível ter viajado e lutado ao lado de vocês durante esses dias. Foram apenas duas semanas, é verdade, mas foi suficiente para que a lembrança de vocês jamais se apague de minha mente. A nobreza de caráter e a convicção com que lutam por seus ideais são lições que carregarei para o resto da vida.

Victarion, eu sei que você jurou fazer tudo em seu alcance para levar Gamble em segurança para Tethyr, e eu entendo suas motivações. Mas eu, ao ver o meu clã exterminado, também tinha feito um juramento: jurei que não teria paz até que tirasse a vida do demônio que cometera tal atrocidade. Eu não espero que você entenda, apenas que aceite.

Eu estou partindo para o norte, levarei o corpo do gnomo às autoridades de Tethyr, eles precisam saber que essa ameaça teve um fim. Lamento que as coisas tenham acontecido dessa forma.

Arienne, Victarion, estou certo de que serão muito felizes juntos, teria sido uma honra inestimável estar presente no casamento de vocês.

Vance, adoraria poder degustar aquele adorável elixir espumante em sua companhia novamente.

Que os deuses os guiem nessa importante jornada. Sinto muito por não poder acompanhá-los.

Adeus, amigos.

- Levy Escama de Bronze


______________________________________________


Gamble era um gnomo ilusionista procurado em Tethyr por vários crimes, incluindo roubo, contrabando e falsificação. Levy, que é um kobold espadachim, juntou-se ao grupo de aventureiros afirmando que caçava o criminoso; o que eles não sabiam era que o kobold tinha motivos pessoais para isso, eles achavam que o espadachim era apenas um caçador de recompensas. Quando o gnomo foi encontrado, houve um momento tenso no grupo: Levy e Vance queriam matá-lo, enquanto Arienne e Victarion prometeram levá-lo vivo às autoridades de Tethyr.

9 de jan. de 2009

O Sopro do Vento Escaldante

Os membros da seita estavam todos reunidos num antigo salão sob as ruínas de Memnom. O lugar lembrava uma arena, com altos assentos de pedra circundando uma pequena área, plana e baixa, no centro da câmara. A Irmandade do Vento Escaldante era um grupo constituído apenas por descendentes de gênios, os genasi. Seus membros estavam empenhados em preservar o conhecimento deixado pelos gênios e seus descendentes desde os tempos de Calim e Memnom. Além disso, o grupo oferecia apoio e proteção aos genasi que aceitavam sua natureza elemental.

Os líderes da seita, o Conselho dos Cinco, perfomavam um poderoso ritual no centro da estrutura. Entre eles, estava o genasi do fogo Khalir, um dos mais antigos membros do grupo e também um mago de considerável poder. Sua influência crescera nos últimos meses e fora ele quem convencera os demais a realizar a cerimônia.

Quando as últimas palavras da invocação foram recitadas, um brilho avermelhado surgiu entre eles e aos poucos tomou a forma de uma criatura humanóide. Pelo seu semblante e vestes, diria-se tratar-se de um distinto e altivo cavalheiro, mas as grandes asas de morcego que surgiam de suas costas e a textura escamosa de sua pele denunciavam sua natureza diabólica.

Khalir deu um passo em direção à criatura e pronunciou em voz alta:

- Ó, poderoso Kairon, advinho dos diabos, ouça nosso chamado.

- I REFUSE TO SPEAK IN THE LANGUAGE OF THE MORTALS – respondeu a criatura usando o idioma dos Nove Infernos.

O genasi do fogo percebeu o erro que havia cometido e dirigiu-se ao diabo em seu próprio idioma:

- Forgive us, mighty Kairon, we humbly require your help.

- WHY WOULD I EVEN LISTEN TO YOU, SERVANT OF THE ABYSS?

- I no longer worship the Demon Lords, great one. And I’m sure we can find a beneficial agreement for us all.

- WHAT DO YOU WANT FROM ME?

- We greatly desire to find the Calimemnom Crystal but powerful illusions developed by ancient elven magic prevent us from reach it. Only your great divination powers can discover its location.

- WHAT COULD YOU POSSIBLY OFFER ME?

- I know you are gathering an army for you Archduke. We offer you enough magical items and spell components to supply thousands of your wizard soldiers. Many of them cannot be found in Hell.

- I SEE YOUR POINT AND I AGREE WITH YOUR TERMS.

Kairon fechou os olhos e sussurou palavras ininteligíveis, conjurando um poderosíssmo feitiço de advinhação. Os membros da seita olhavam impressionados para o advinho durante os segundos que pareceram horas. Até que a criatura abriu os olhos e falou:

- POWERFUL IS THE MAGIC WHICH PROTECTS THE CRYSTAL. I DOUBT ANY POWER UNDER THE GODS CAN OVERCOME IT. BUT I KNOW A WAY TO FIND IT.

Khalir, claramente frustrado pelo fato do baatezu não ser capaz de achar o Cristal, considerou dispensá-lo de volta aos Nove Infernos. Mas a informação do diabo talvez fosse a única chance que ele teria de encontrar o artefato.

- I beg you, mighty Kairon, tell us how to find it.

- THERE IS A POWERFUL ARTIFACT INFUSED WITH GREAT DIVINATION POWERS CALLED THE EYE OF SAVRAS. IT ONCE BELONGED TO A ROYAL VIZIER FROM THE SHOON EMPIRE WHO DIED TRYING TO UNCOVER ITS MAGIC. THE EYE LIES UNDER THE RUINS OF OLD SHOONACH.

- We thank you, mighty Kairon, for the information. You might take your payment and return to the Nine Hells.

- I MUST WARN YOU THAT NONE OF YOU HAVE THE POWER TO PROPERLY USE THE EYE. IT WOULD BE FOOLISH TO TRY. BRING IT TO ME AND I WILL USE IT TO POINT YOU THE LOCATION OF THE CRYSTAL.

- We shall see, devil. We shall see.

7 de jan. de 2009

Campanha - Melhor Ler

Saudações, caros 1d6+1 leitores do Rascunhos. Recentemente fui indicado pela minha amiga Allana a participar de uma campanha iniciada no blog Zona Neutra visando o incentivo a leitura. Basicamente cada blogueiro indica dois livros a seus leitores e depois aponta outros blogs para continuar a campanha. E os indicados são...

1. Por que os homens fazem sexo e as mulheres fazem amor?, de Allan e Barbara Pease: uma leitura leve e descontraída, indicada para todos os tipos de leitores e inclusive pra quem não gosta de ler. O livro apresenta e explica de forma bem-humorada as diferenças de agir e pensar existentes entre homens e mulheres. Vale a pena conferir.

2. O Silmarillion, de J. R. R. Tolkien
: Apontado por muitos fãs como o principal livro do autor, O Silmarillion é um obra bem completa sobre o cenário de fantasia criado por Tolkien: conta diversas histórias que vão desde a Criação do Mundo até a destruição do anel, envolvendo várias histórias menores no meio do caminho. Não é uma leitura muito simples, mas é obrigatória para os fãs de fantasia.

E para continuar a campanha eu indico o André do Altar de Selûne e do Crônicas do Norte Selvagem.

5 de jan. de 2009

Era of Skyfire

Conta-se que a milênios atrás, quando estas terras eram cobertas de imensas florestas dominadas pelos elfos e as montanhas ocupadas pelos senhores anões, os humanos viviam rusticamente como nômades nas planícies e savanas do sul. Aquela era um época de paz, ameaçada apenas de tempos em tempos pelos gigantes e dragões. Mas as coisas mudaram com a chegada de Calim.

Calim era um nobre djinni, um poderoso gênio vindo do Plano Elemental do Ar, que comandava um imenso número de membros de sua espécie, além de escravos humanos e halflings. Em pouco tempo, ele conquistou uma grande área onde hoje é o sul de Calimshan, expulsando os dragões, gigantes e elfos da região. Estava formado o Califato de Calim.

Os 1000 anos que se sucederam foram relativamente pacíficos dentro dos domínios de Calim, à exceção de pequenos conflitos com os elfos e gigantes nas fronteiras. Até que chegaram os mais odiados inimigos dos djinn, os efreet. O Exército de Fogo, como era chamada a horda de efreet, liderado pelo Grande Paxá Memnom surgiu no norte da atual Calimshan. Nos anos que se seguiram, os gênios do fogo conquistaram muitas das terras que tinham pertencido aos elfos e anões, reduzindo florestas inteiras a cinzas e estabelecendo o Reino de Memnonnar.

Demorou 200 anos até começar a inevitável guerra entre Calim e Memnom, período que ficou conhecido como Era of Skyfire. Os exércitos dos gênios se enfrentaram durante séculos em grandes batalhas que destruíram colinas, florestas e montanhas. Ninguém sabe muito bem como a guerra acabou. Alguns dizem que Calim e Memnom se enfrentaram num duelo que durou 100 dias e 100 noites e acabou com a destruição de ambos e de tudo que havia num raio de vários quilômetros. Outros falam que os elfos, buscando vingança pela morte de seus semelhantes e pela destruição causada pelos gênios, realizaram um poderoso ritual que arrancou as almas dos dois de seus corpos e as aprisionou dentro de um cristal.

O que aconteceu de verdade talvez ninguém saiba. Mas as conseqüências desses eventos marcaram para sempre essas terras.

______________________________________________


Referências:

- Lands of Intrigue, 1997
- Empires of the Shinning Sea, 1998
- Forgotten Realms Campaign Setting, 2001
- Lost Empires of Faerûn, 2005