Cavada no sopé da montanha, poucos quilômetros ao sul do Forte da Flecha Negra, fica a guarnição do Anão Morto. Local de treinamento de soldados, forjaria de armas e construção de máquinas de guerra para o exército do Rei Obould Muitas Flechas. Nesse lugar, não é permitida a presença de fêmeas, mas nenhum dos soldados ousou protestar ou mesmo olhar duas vezes para a figura alta e de manto negro que perambulava pelos túneis do lugar.
A fama de Lorog, a negra, era bem conhecida pelos orcs daquela região. Dizia-se que era uma bruxa cruel que sentia prazer em aterrorizar os guerreiros do exército de Obould para testar sua lealdade. Aqueles a quem ela considerava indignos eram torturados e punidos com seus venenos e maldições.
Lorog deslizou pelo Salão de Armas até ficar a poucos metros de um corpulento guerreiro que estava vestindo uma armadura de placas. O orc, que pareceu não notar a presença da bruxa, exibia uma infinidade de cicatrizes ao longo do corpo, marcas de dezenas de batalhas. A fêmea permaneceu em silêncio, quando ele começou a calçar as botas, ela perguntou:
- Preparando-se para partir, soldado?
O macho a olhou sobre o ombro por um instante, voltou a atenção para as botas e respondeu:
- Foi meu pai que mandou você me espionar, bruxa?
- Talvez. Ou talvez eu tenha vindo por conta própria.
- Lacaios não têm vontade própria, ainda mais uma fêmea. - respondeu o guerreiro, agora calçando um par de manoplas.
- Tem razão. É por isso que você está aqui. Porque o seu pai ordenou e você acata suas ordens como uma fêmea obediente, não é, Scrauth?
Scrauth mal conseguiu disfarçar sua fúria ao embainhar bruscamente sua espada. Ele sabia, no entanto, que ameaçar Lorog era estupidez: ainda que conseguisse matá-la, ele seria severamente punido pelo seu pai, já que a bruxa era a principal conselheira do Rei Obould. Scrauth apenas segurou o elmo ao lado do corpo, virou-se para a fêmea e retorquiu em tom de ira incontida:
- O que você quer de mim afinal? Preciso partir logo.
- O Rei Obould está ficando velho, Scrauth. Muitos acham que ele não tem mais a força de antes, depois da queda da Cidadela Muitas Flechas. Alguém terá que substituí-lo mais cedo ou mais tarde.
- Quando ele fraquejar, eu estarei pronto para tomar o seu lugar! - retorquiu o guerreiro em tom desafiador.
- Mas você precisa se mexer, Scrauth. Seu irmão Brymoel já está se mexendo. Soube que ele rumou para a Passagem da Lança Partida mais ao sul e está procurando alguma coisa por lá.
- O quê? Mas ele foi mandado para o leste, para espionar aquela vila dos Uthgard!
- Ele é um sacerdote, um fiel seguidor de Gruumsh. E Grummsh às vezes concede visões aos seus servos mais dedicados. Há algo importante ao sul, Scrauth. Algo que faz a diferença para aquele que almeja se tornar o Rei Muitas Flechas.
- Hmmm... entendo. Mas você não ia preferir um clérigo de Grummsh como o novo Rei Obould? - perguntou o guerreiro.
- É preciso ser um veterano de batalha para sentar-se no Trono Muitas Flechas - respondeu a bruxa -, alguém capaz de comandar um exército e fazer seus súditos obedecerem. Brymoel é um acólito fervoroso, mas não tem a força necessária.
- Então você veio aqui para me ajudar a tomar o lugar de meu pai? Quer dizer que você, Lorog, está me oferecendo uma aliança?
- Talvez. Ou talvez seu pai tenha me mandado aqui para lhe espionar.
5 comentários:
Intriga, intriga, INTRIGA! XD
Orcs também são inteligentes o suficiente para fazer intrigas :D
São sim, mas a palavra em orc para intriga é "Picuinha". xD
Lembrando que esse texto quase foi intitulado "Dois filhos de Obould". kkkkkkkk.
Se for considerar esses perrengues de liderança, orcs são os mestres da intriga. O negócio é que a intriga deles tem muito menos lenga-lenga e muito mais porrada! =D
Texto massa, tá me dando idéias! XD
Cara!!! Muito bom!!!! Parabéns!!!
Excelente texto!!! Estou ansioso pela continuação! Larga de ser preguiçoso e escreve!
Um abraço!
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