14 de out. de 2009

Hunter Files: Prelude

- Com licença.

- Por favor, sente-se, senhor... Macllister. – disse o psicólogo consultando seus arquivos. Como vai?

William tentava mostrar-se confiante, mas sentia-se muito desconfortável – não tivera boas experiências com psicólogos e psiquiatras antes. Observou discretamente o consultório: a pequena mesa tinha pouco mais do que um notebook e um calendário, havia atrás do psicólogo uma estante com vários livros e as paredes tinham quadros de paisagens. Voltou-se novamente para o homem à sua frente e respondeu:

- Eu estou bem, doutor. Mas, sinceramente, eu acho que não deveria estar aqui. Eu não concordo com essa “política da empresa” de obrigar seus funcionários a fazer tratamento psicológico.

- Eu sei, senhor Macllister – respondeu pacientemente o psicólogo. A maioria acha isso estranho no começo mesmo. Entenda que o senhor não está aqui para fazer um tratamento, ninguém está afirmando que há algo de errado com o senhor ou qualquer outro funcionário. A empresa na qual trabalha está interessada em aumentar sua produtividade através da melhoria na eficiência de seus empregados.

- O que tem uma coisa a ver com a outra, doutor? - Will observava curioso, a racionalidade do homem o surpreendera.

- É simples, William, as empresas hoje estão exigindo cada vez mais de seus funcionários: a jornada de trabalho é longa, a demanda por resultados é constante... Tudo isso somado aos problemas pessoais de cada indivíduo costumam causar um estresse – e estresse implica em queda da produtividade. Isso, obviamente, é algo que os empresários não querem. Pesquisas recentes mostram que empregados que tem sessões periódicas com psicólogos apresentam, em média, um desempenho maior que os demais.

- Fascinante! A empresa egoisticamente preocupa-se com o bem-estar dos seus funcionários como forma de aumentar seus lucros.

- Exatamente – disse o Drº Jones sorrindo. Minha dissertação foi sobre esse tema, tenho uma cópia aqui, caso lhe interesse...

- Não, não. Tudo bem, doutor, já estou convencido.

- Ótimo, agora já podemos começar. Fale-me um pouco sobre você.

E Will falou. Seu nome era William Macllister, estava com 29 anos e era um contador. Tinha um irmão mais velho e não se dava bem com o pai, sua mãe morrera num acidente de carro quando ele tinha 15 anos. Era viciado em romances policiais quando adolescente e queria tornar-se um escritor quando adulto, mas acabou entrando na Universidade e formando-se em Contabilidade.

A sessão caminhara por assuntos de pouca importância. Mas, em dado momento, o Drº Jones deu uma olhada em seus arquivos e disse:

- Vi em sua ficha, senhor Macllister, que esteve por mais de 1 ano internado numa clínica psiquiátrica. Não gostaria de falar mais a respeito?

Por um instante, William foi tomado de fúria, teve vontade de esmurrar a cara daquele velho, como podia pedir-lhe para contar sobre algo tão traumático? Mas, tão rápida quanto surgiu, a raiva passou. Will acabara de perceber que havia um som suave no ambiente, parecia música clássica e seu efeito era tranqüilizador – não notara antes, mas havia pequenas caixas de som na estante do psicólogo. Recostou-se na poltrona – e como ela era confortável! – e olhou distraído para o lado: percebeu que um dos quadros não era de paisagens e sim uma réplica da pintura de Michelangelo, “A Criação de Adão”. Parecia que estava num ambiente diferente daquele que vira meia hora atrás quando entrara por aquela porta.

- Muito bem, doutor – respondeu após um longo momento de silêncio. Vou lhe contar tudo a respeito.

5 de out. de 2009

How they grow up fast

Pernalonga


Monty Python and the Holy Grail



...'cause old rabbits die hard.

Rascunhos de uma mente, há 4 anos mostrando... os rascunhos de uma mente.