11 de abr. de 2010

Hunter Files: Ghost or Madness?

Eu trabalhava numa grande companhia de seguros, tinha uma posição boa na empresa e perspectivas de crescimento. Estava a 5 anos com a Jane, tínhamos um relacionamento estável e pretendíamos nos casar em 1 ou 2 anos no máximo – eu era louco por aquela mulher! Minha vida parecia bem controlada, eu me sentia realizado na vida pessoal e profissional. Foi aí que começaram as aparições.

Eram visões de uma mulher pálida, coberta de hematomas e com o pescoço pendendo para o lado. Ela aparecia repentinamente, pedia por ajuda e sumia. A princípio eu achei que fosse apenas coisa da minha cabeça, que eu estava cansado demais, precisando descansar. Mas as visões vieram de novo e de novo, sempre a mesma mulher, sempre pedindo por vingança.

Contei à Jane e ao meu irmão o que estava acontecendo, mas eles diziam que eu estava estressado, que precisava tirar umas férias. A princípio pensei que eles deviam estar certos, cheguei a tirar uma semana de folga, me afastei da cidade e da vida tumultuada do escritório. As coisas pareciam ter melhorado, mas logo que eu voltei, as aparições retornaram e mais fortes. Antes a criatura causava apenas medo e calafrios por alguns segundos, depois passou a fazer as coisas tremerem, atirar objetos em mim e me causar pesadelos.

Eu já não conseguia dormir, trabalhar ou comer. Suplicava por ajuda àqueles próximos a mim, mas só recebia um olhar de reprovação e estranheza. Eu ainda lembro... ainda lembro quando Jane veio ao meu apartamento certa noite... jogou a aliança em mim e disse que eu tinha sido o maior erro de sua vida.

Meu irmão agiu logo, fez a única coisa que uma pessoa “sensata” poderia fazer em sua posição: internou-me numa clínica psiquiátrica. O inferno ainda estava para começar.

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Havia todo tipo de... gente maluca na clínica: alguns eram bobos e inofensivos, mas outros pareciam espertos e psicóticos. Havia gritos sempre: alguns apenas queriam sair dali, enquanto outros clamavam por sua família e eu gritava para que ela parasse, para que a maldita coisa que me perseguia me deixasse em paz.

Os médicos tentaram diferentes tratamentos em mim, mas eu não reagia bem a nenhum deles. Às vezes passava dias dormindo e mesmo quando acordado ficava dopado por várias horas. Nada disso adiantava, nada disso fazia ela parar. Estranhamente, em meio a esse ambiente angustiante, eu fiz uma nova amizade.

Seu nome era Michael e na maior parte do tempo ele tinha um olhar distante e balbuciava coisas sem sentido. Mas havia uma lucidez penetrante sob aqueles olhos inertes. Às vezes, quando estávamos a sós, ele falava coisas sobre espíritos e demônios; no começo eu não dei muita atenção às suas palavras, mas ele parecia entender o que estava acontecendo comigo e se solidarizava com minha situação.

Mike me ensinava e enganar as enfermeiras, a não tomar os comprimidos que nos dopavam, a falar aos médicos o que eles queriam ouvir. Os seus conselhos e sua companhia tornavam a vida menos insuportável naquele lugar. Eu não acreditava em tudo que ele dizia, principalmente quando falava que o governo estava atrás dele porque ele “sabia demais”, mas ele era o único com quem eu podia contar.

Certo dia, eles simplesmente levaram o Michael embora, disseram que estavam transferindo-lhe para outra clínica. Eu me senti péssimo por vários dias, como eu ia conseguir sobreviver àquele inferno sozinho? A idéia de cometer suicídio já havia rondado minha cabeça antes, mas ela nunca tinha parecido tão atraente quanto naqueles dias após o Michael ter sido levado.

Meu psiquiatra mandou me levarem à sua sala certo dia. Ele disse que ia tentar um novo tratamento comigo, achava que naquele momento, sem a “má influência” do Mike, eu estaria mais suscetível ao efeito dos medicamentos. Eu já não me importava mais, não guardava mais os comprimidos sob a língua, nem enganava as enfermeiras – estava convencido de que aqueles remédios me matariam pouco-a-pouco. Pra minha surpresa, as visões pararam pouco depois.

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As coisas só melhoraram nos meses seguintes: eu me sentia mais disposto, meu sono estava se regularizando e eu ganhava peso. O novo tratamento tinha dado certo: eu estava curado! O médico dera algum nome esquisito para minha doença, mas eu não me importava, aquilo era passado e eu só queria me esquecer daquele grande pesadelo. Após um ano e meio naquela clínica, eu finalmente voltava pra realidade.

Thomas me ajudou muito com meu... recomeço. Me arranjou um carro usado e bancou o primeiro mês de aluguel de um apartamento no subúrbio da cidade. Poucas semanas depois, consegui um emprego numa loja de conveniências perto de casa: o salário era pouco, mas dava pra pagar as contas. As coisas caminharam bem nos meses seguintes, minha vida estava se ajeitando aos poucos e eu já começava a traçar planos para o futuro. Tudo parecia bem, até que as aparições voltaram.

Minha vida virou de cabeça pra baixo de novo. Eu tinha me convencido de que estivera doente, de que tudo não passara de alucinações e o tratamento tinha funcionado. Mas não eram alucinações, era tudo real e a criatura voltara a me atormentar.