30 de jan. de 2007

Escândalo

Era um bairro residencial como muitos outros de uma grande cidade. Onde as crianças brincam na rua até oito horas da noite e os vizinhos passam horas conversando na calçada. Um bairro tranquilo, difícil de se encontrar hoje em dia. Mas, naquela noite, não houve tranquilidade.

A origem do barulho vinha do portão de uma casa. Uma jovem ruiva esbravejava continuamente contra um rapaz forte à sua frente, e este mal conseguia esboçar respostas para suas fulminantes acusações. Dezenas de pares de olhos e de ouvidos espreitavam das casas vizinhas: todos queriam achar um bom lugar para ver e ouvir a cena sem serem notados. As pessoas que passavam na rua procuravam um bom lugar nas casas próximas. Até pessoas de duas ou três ruas dali se "instalaram" na residência de algum conhecido para apreciar o espetáculo.

A verdade é que não dava para ouvir direito o que a mulher dizia. Ela gritava histericamente e suas palavras se diluíam no pranto e na rouquidão. Mas algumas palavras-chave sobressaíam claramente: "seu cachorro", "eu vi", "se esfregando", "eu vi", "aquela vadia", "celular", "pensou que eu não ia saber", "eu vi, eu vi", "seu cachorro", "aquela rapariiiga".

Quando ela se calou por um instante, o rapaz falou algo em resposta que soou baixo demais para os vizinhos ouvirem. A mulher pareceu despertar de seu pranto imediatamente. Sua mão tracejou uma trajetória em forma de arco e atingiu com firmeza o rosto do coitado. O estalo foi perfeitamente audível. O homem desequilibrou e deu dois passos para trás, ficou completamente desnorteado.

A jovem ruiva abandonou a casa antes que ele pudesse dizer qualquer coisa. Entrou no carro e sumiu. Os vizinhos ainda estavam com a mão à boca quando o automóvel roncou para longe. Pouco depois, o homem entrou em sua casa com um claro ar de derrota. Foi só a porta bater atrás dele que uma multidão foi saindo das casas vizinhas. Pela quantidade de gente na rua, parecia que acabara uma missa de domingo.

Por mais de um mês aquele foi o assunto mais comentado no bairro, das ruas de cima às ruas de baixo, e até em bairros vizinhos. A história foi aumentada e inventada. Alguns disseram que o rapaz havia traído a namorada com sua melhor amiga, outros juravam que ele havia sido pego no carro com duas mulheres, havia o boato ainda de que ele virara gay, e alguns - ainda- disseram que o sem-vergonha estava no carro com dois homens.

A vida do rapaz no bairro foi complicada durante uns dois meses. Todos o olhavam com um ar de censura. Até que correu o boato de que a filha do padeiro - de 17 anos - estava grávida. E ninguém sabia quem era o pai. Claro que cada um no bairro tinha o seu palpite.

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6 comentários:

Anônimo disse...

Muito bom texto...

:d se eu tivesse um jornal .. revist.. sei á.. c tava contratado
:D:D:D

Allana disse...

Manda esse povo arrumar o que fazer... XD

Fernanda Eggers disse...

Huahauhauah!
Mas que povo mais fofoqueiro!
Tenho um conto parecido, mas não sei onde foi parar. O.o
Assim, não exatamente parecido, mas com a mesma temática. ;)

Anônimo disse...

Seu cachorro!! E ainda por cima publica nossa história no próprio Blog!!!!! Que sem vergonha!!!!! Te odeio!!!!! :'(

Roger disse...

Mulheres e suas manias de se sentirem diminuidas...

O bom rapaz era apenas um garoto prestativo que ajudou a moça que tinha acabado de quebrar o carro.
O bom rapaz nao tem culpa se hoje em dia quase tudo se agradesse com um beijinho.
Na minha opiniao a culpa é da mulher que é possessiva e agressiva.
Prisão nessa louca.
Ops! Eu estou ficando igual aos fofoqueiros da cidade.

Anônimo disse...

Como é que tu conta uma fofoca dessas e não termina a história???? HEIN? HEIN? HEIN?

'Apois', trate de saber do resto e poste!!! ehheheheheheheh

Será que o cara engravidou a filha do padeiro??? tan nan nan naaan!!!

=D~~