24 de abr. de 2008

Rebirth - Part 1(1ª versão)

Naquele instante, meus sentidos estavam mais aguçados do que nunca, como se quisessem aproveitar pela última vez a miríade de sensações à minha volta. Eu sentia o bafo frio do mar soprando no meu rosto, o cheiro de água salgada invadindo minhas narinas e, mesmo de olhos fechados, eu quase podia ver a face de Selûne no céu. Mas essas sensações estavam ficando cada vez mais vagas e distantes, pareciam apenas lembranças.

- Socorro! Socorro!

O grito desesperado despertou-me para o mundo à volta. Eu não queria ser interrompido, não agora. Normalmente, não me importaria, deixaria que os gritos ecoassem até a voz se extinguir - e até sentiria um prazer mórbido quando o silêncio chegasse. Mas dessa vez foi diferente: uma força misteriosa me impeliu a agir. Antes que eu pudesse pensar em qualquer coisa, estava correndo na direção da voz desesperada.

Cheguei a um beco mal-iluminado. Lá, encontrei a origem dos gritos de socorro: uma jovem de não mais de 17 anos vestindo vestes surradas estava acuada contra a parede. Avançando em sua direção com os punhos cerrados, estava um homem imenso fedendo a bebida. Observei a cena com cuidado, avaliando qual seria o melhor curso de ações, mas quando vi o canalha esbofetear a garota, o sangue em minhas veias inflamou-se e eu agi sem pensar.

Um instante depois eu estava atrás do brutamontes com o meu punhal penetrando profundamente em seu ombro - não era o melhor ponto para atingi-lo, mas eu estava cego de raiva. Não pude deixar de sorrir ao sentir o sangue dele em minhas mãos e ouvir o seu urro agonizante de dor. Contudo, eu subestimara meu adversário, poucos segundos depois ele virou-se em minha direção e eu mal consegui ver o porrete que colidiu contra o meu rosto com uma força de 10 homens.

Minha vista escureceu e o mundo pareceu girar à minha volta, mas eu me recusei a cair. O desgraçado gargalhou ao ver o esforço que eu fazia para ficar de pé e removeu o meu punhal de seu ombro como se fosse um mero espinho incômodo. Empunhando a clava com as duas mãos, ele tentou me golpear várias vezes, mas eu consegui evitar cada um de seus ataques. Notei que a cada golpe ele parecia perder um pouco de velocidade, mas eu não estava numa situação melhor: o cansaço atrapalhava os meus movimentos como se grilhões estivessem presos aos meus braços e pernas.

Procurei algo em meus pertences que pudesse me ajudar e me deparei com a bainha de uma espada curta. Aquela arma me foi dada por um gnomo como pagamento por um serviço, ela possuía uma lâmina de prata e uma bainha ricamente adornada. Sempre a considerei mais como um adereço do que como uma arma, de tal modo que sua lâmina nunca provara o gosto de sangue antes. Chegara a hora dela provar o seu valor.

Saquei a espada e adquiri uma postura ofensiva, desferindo golpes rápidos na direção de meu oponente. Ele recuou alguns passos, mas logo se deu conta que estava em vantagem: sua clava podia me atingir a uma distância claramente maior do que a da minha arma. O idiota berrou alguma coisa e atingiu violentamente minha espada, jogando-a para longe. A força do golpe foi tão intensa que eu perdi o equilíbrio e o meu corpo foi projetado para trás. Minhas costas foram ao chão e minhas pernas para o ar - foi naquele instante que eu percebi que ganharia a luta.

Vendo-me cair diante dele, meu inimigo abriu um sorriso de prazer como o de um abutre ao avistar carniça. Mas logo depois eu vi aquela expressão em seu rosto transformar-se em espasmos de dor quando, de minhas botas, projetaram-se duas lâminas afiadas que perfuraram o seu estômago. Rapidamente, fiz um movimento com minhas pernas de modo a rasgar o seu abdome como uma tesoura. Ele gritou como um animal sendo sacrificado enquanto seu sangue era jorrado de suas entranhas.

Aquelas botas foram feitas para mim pelo mesmo gnomo que me deu a espada de prata. Elas possuíam um dispositivo engenhoso que podia ser facilmente ativado com um movimento do pé, projetando para fora lâminas tão afiadas quanto uma adaga. Ao contrário da lâmina prateada, aquelas botas já haviam salvo minha vida diversas vezes - e mais uma vez o fizeram.

O brutamontes cambaleou para trás e tentou inutilmente parar o sangramento com suas mãos, mas era tarde demais: demorou apenas alguns instantes para ele cair sem vida no chão. E essa foi a última coisa que eu vi antes de deixar a escuridão me engolir e minha consciência se apagar.

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Inspirografia:

-Forgotten Realms
-Salvatore, R.A.

12 comentários:

Eduardo Costa disse...

Bicho, sinceramente, eu não gostei.

Narrar isso em primeira pessoa é meio complicado. Pra mim, ele está narrando como se fosse algo não muito importante para ele, apesar de os eventos parecerem importantes para ele. Bom, ou ele era um assassino frio, sem emoções, e tá passando por uma transformação, ou era alguém desligado de tudo, do mundo, apático, que começou a se importar com algo. De qualquer forma, isso não fica bom em primeira pessoa. Um texto em 1ª pessoa deveria ser mais envolvido.

Agora, esse tom combina mais com terceira pessoa.

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Lenneth?

Anônimo disse...

Texto em primeira pessoa ficou diferente, mas o q me chamou mais a atenção foi, com certeza, a ausência do nome do assassino... talvez haja elementos no texto que facilitem essa identificação mas... do alto da minha bestialidade, não tenho certeza de quem é!

No mais... quero férias, cara!
Preciso jogar RPG...
Necessito ver the revenge of the sith...

enfim... tanta coisa =/

ah... http://www.fotolog.com/amandoramos

flw!

Thiago disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Thiago disse...

Ah... uma briga de beco contra um bebum não é tão épico quanto um assassino frio que comete suicidio por remorso, um cavaleiro de armadura brilhante que entra no covil errado, ou um poema Silmariliano! Que é isso rapaz? Você está doente?

Allana disse...

Ahn... eu também não gostei.

Tenho que concordar com Dudu quando ele diz que narrar combates em primeira pessoa é complicado - mas não só isso: fica chato mesmo. Um dos motivos pelos quais abandonei o diário de viagem de Tessa - escrever em primeira pessoa deixa o tom monótono.

A ausência do nome não me incomodou - altas e altas vezes eu escrevo sem mencionar nomes, e até gosto disso. Dá a idéia de que aquilo poderia estar acontecendo com qualquer um.

No mais, o vocabulário tá legal, (acho que é a primeira vez que falo disso em algum texto, lol), as palavras foram bem aplicadas. =)

Voltando à primeira pessoa: na minha opinião, só serve como fluxo de consciência. De resto, terceira pessoa com pontos de vista ainda é o melhor ponto narrativo que eu conheço.

Italo disse...

Narrar em primeira pessoa foi um desafio e tanto para mim (e, aparentemente, não me saí muito bem, não é mesmo?). Pra mim, teria sido muito mais fácil narrar em terceira pessoa, mas esse texto eu queria fazer em primeira.

Esse tom é mais adequado para terceira pessoa? Só concordo com isso em relação ao combate. Que, apesar de ter tomado muito mais linhas, não é o centro da história.

Hã? Vocabulário? Allana, você realmente deve ter detestado a narrativa pra parar e prestar atenção nisso. kkkkkkkk. To brincando.

Fluxo de consciência? Terceira pessoa com pontos de vista? São nomes complicados pra mim. (O primeiro parece algo de regressão a vidas passadas =P).

Eu decidi que vou refazer o texto. Eu estava sim doente. Doente por causa de um paradigma que resolvi a todo custo seguir e que acabou atrapalhando.

Valeu pelos comentários e aguardem a nova versão.

Roger disse...

Das virtudes que eu ainda tenho é a sinceridade...
Adorei o texto, princiopalmente o fato de ser em primeira pessoa. Por que deveria ser na terceira pessoa?
Não vejo essa necessidade toda.
Sobre Lenneth, eu já sabia!
uhaauhhuauhauauhuhauhauhauha
Não sei porque esses tipos de personagem que mudam a forma de agir são obrigados a mudar drasticamente... Eles mudam com pequenas atitudes mesmo.
Lenneth não poderia subir em um cavalo branco, pegar uma vingadora sagrada e matar o chefão...
Todos mudam a maneira de se comprotar aos poucos.
Mas se vocês preferirem a minha versão:
"A antiga representação da maldade estava adentrando em um beco escuro quando vê um indivíduo tentando causar o mal para uma nobre donzela élfica de olhos azuis tristes e com belas tranças loiras, e essas tranças lembram a irmã morta de Lenneth...
Aquele azul triste toca a alma do assassino e com um brilho vindo do ponto mais obscuro da lua ele tira do equipamento uma vingadora sagrada e expulsa o mal daquelas terras inóspitas".

Eduardo Costa disse...

Em popularidade, isso tá me lembrando a caixa de comentários de uma poesia que tu colocou aqui... kkkkkkkkkkkkkkk

Essa história de diários de viagem é complicada. A não ser por um esforço grande da parte do autor contra isso, não tem como fugir do tom chato mesmo. Diários de guerra, de rangers, não tem como o cara se empolgar muito toda vez que escrever.

Tou de férias! \o/ \o\ |o| /o/

Eu não me incomodei com a falta do nome também. No problem about that.

Sobre a questão 1ª - 3ª pessoa: Quando eu disse que esse tom combinava mais com 3ª pessoa, o que tava na minha cabeça era uma história policial, assim, noir. Tipo Max Payne. Eita, Max Payne é em primeira pessoa. xD

Alguma coisa me diz que esse texto ficaria melhor em 3ª pessoa. Mas claro, eu posso estar errado... Vai que tu ajeitando isso, e mantendo em 1ª pessoa como tu quer, fica bom? Who knows?

O fluxo da consciência é igual ao divergente do campo vetorial da consciência, seu mané! Ou então, aplica a lei de Gauss. Não estudou física 3 não?

ahuahuaauhauhauhauhauha

Eduardo Costa disse...

Comentário grande da porra. Só esqueci de dizer uma coisa:

Roger, cretino!

Anônimo disse...

Permissão para a piada sem graça e idiota...

Como eu sei que ninguém vai me dar essa permissão, vai assim mesmo!

Porque toda essa discussão sobre textos em primeira e terceira pessoa... vcs não estão ignorando a pobre e esquecida "segunda pessoa"?

Lembrem-se, é importante valorizar o próximo!

Se EU sou 1ªpessoa, quem é o próximo?

Eu sei q foi ridículo, mas como ninguém me impediu....

=D

Italo disse...

Ótimo você ter citado Max Payne, dudu, eu só queria evocar 1 milésimo do drama que ele consegue com as frases dele.

Outro exemplo feliz de narração em 1ª pessoa é Sin City, cara, eu acho foda.

Bom, se eles conseguem eu também posso conseguir, não é mesmo?

Ou... eu poderia escrever em segunda pessoa como Amando sugeriu. Seria uma experiência nova para mim, é verdade, mas de repente se enquadre melhor ao clima do texto... =P

Eduardo Costa disse...

Se eu tivesse algum poder sobre esse blog, eu deletava o comentário de Amando só pela piada sem graça. Puta que pariu. Essa foi foda.

Amando, tu não é 1ª pessoa nem de tu mesmo! Ah, e você tem que valorizar o próximo só quando este próximo sou eu! kkkkkkkkkk

O máximo que eu consigo pensar de uma narração em 2ª pessoa é assim:

Dudu estava em casa digitando um comentário no Rascunhos de uma Mente. Dudu estava afim de fazer algumas piadas. Dudu vai parar com esse exemplo agora.

Tá na média das pessoas:
(1ª + 3ª)/2 = 2ª pessoa.

AHUAHUAHUAHAUHAUHAU