A Floresta do Amanhecer nem sempre foi conhecida por esse nome. Por muitas anos ela foi chamada de Floresta do Ninho da Aranha e era o lar de numerosas aranhas gigantes que faziam a mata ser temida e evitada. Os habitantes das aldeias próximas sabiam o quão perigoso era o local e por isso evitavam se aproximar da floresta, raramente tendo problemas com as aranhas que a habitavam. Esse quadro, contudo, mudou drasticamente quinze anos atrás, quando pequenos grupos de aranhas começaram a aparecer fora dos limites da mata, atacando o gado e os viajantes da Estrada do Norte.
As terríveis notícias chegaram aos ouvidos de Adennon e dos millikars. O arqui-ranger já andara muito pelas regiões selvagens em torno dos Vales e desconfiava que havia algo não-natural naquela floresta, mas ele nunca conseguira adentrar profundamente na mata, por ela ser muito fechada e as aranhas serem bastante hostis. Dessa vez, contudo, ele não estaria sozinho: mais de trinta millikars decidiram ajudá-lo e vários caçadores e aldeões da região se juntaram ao grupo.
Foram quase três meses de patrulhas e incursões, de ataques e fugas, uma verdadeira guerra foi travada entre homens e aracnídeos. Adennon e os outros descobriram que as criaturas eram comandadas por uma aranha ainda maior que as demais, dotada de grande inteligência e perversidade, Hasgeron era o seu nome.
Uma luta terrível foi travada entre os rangers e a criatura. Vários millikars morreram nesse combate, mas os sobreviventes lutavam com tamanha ferocidade que o número de aliados parecia aumentar, e não diminuir, a cada companheiro caído. O senhor das aranhas, no fim, foi derrotado.
E foi com os primeiros raios da aurora que os sobreviventes chegaram à aldeia mais próxima às bordas da floresta. Eles traziam consigo o corpo de Hasgeron como símbolo de sua vitória. Sua carcaça fétida foi queimada pelos camponeses e enterrada sob uma pilha de pedras e maldições. Sem o comando da malévola criatura, as poucas aranhas restantes fugiram para as montanhas que cercavam a floresta.
Vários aldeões e quase metade dos millikars tombaram no conflito. As mortes foram lamentadas e a vitória comemorada, alegria e tristeza andaram lado-a-lado naqueles que ficaram conhecidos como "os dias do vinho e das lágrimas". Adennon e outros rangers decidiram se fixar na floresta e ajudá-la a se recuperar dos danos causados pela influência de Hasgeron. As vilas próximas estavam seguras novamente.
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Inspirografia:
- Tolkien, J.R.R.
- Forgotten Realms
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6 de jul. de 2008
10 de abr. de 2007
Noite na floresta
Anoitecera na floresta. O céu tornara-se um manto escuro adornado por muitos pontos brilhantes. A lua resplandecia grandiosa, era uma imensa pérola que flutuava majestosamente no céu noturno. Aquela era uma confortável noite de primavera. Uma brisa cálida passeava por entre as árvores cumprimentando seus habitantes como um sopro maternal. Era difícil acreditar que a algumas semanas atrás um vento gelado dominara aquela mata.
Hansi estava deitado sobre a grama, à margem de um riacho. Rynlon, ao seu lado, saboreava a carne de uma lebre suculenta. O sentinela observava as estrelas, ele sabia o nome de muitas delas. Naquele exato momento apreciava a constelação do hipogrifo. Aquela visão trazia-lhe lembranças. Lembranças agradáveis de um passado distante. Canções ecoavam em sua mente, os mais belos sons que já ouvira: o cântico das sacerdotisas de Sehanine Moonbow[1].
Apesar da atmosferaque o envolvia, o coração do ranger estava preocupado. Recentemente, ele descobrira que batedores orcs vagavam pela floresta. Algo inadmissível. Não entendia porque o arqui-ranger Adennon não organizara grupos de caça para exterminá-los quando soube da notícia. Ao invés disso, o líder dos millikars[2] apenas aumentara o número de patrulhas na borda ocidental da floresta. Vários dos sentinelas mais jovens ficaram descontentes com a decisão, mas nenhum deles se sentiu mais frustrado do que Hansi.
Um uivo alto ecoou pela noite. Rynlon se levantou abruptamente e começou a caminhar apreensivo. O sentinela não entendeu porque o animal ficara daquele jeito: sempre houve lobos naquela floresta e não era de se espantar que eles uivassem naquela noite de lua cheia. Tentou acalmar o cão, mas não obteve sucesso. Alguns minutos depois, o cachorro começou a ladrar em direção à margem oposta do riacho. Hansi espremeu os olhos para aquele lado e demorou para enxergar alguma coisa. Por fim, avistou uma forma saindo de trás das árvores.
Era, de fato, um lobo, mas havia algo de estranho nele. Sua pelagem parecia tão escura quanto as sombras da noite. O lupino caminhou até a beira do córrego e parou. Olhou na direção de Rynlon - que parara de ladrar - e, em seguida encarou Hansi. Havia um brilhonos olhos do lobo, o sentinela desconfiou que o animal o estava analisando. Passaram-se alguns segundos até ele voltar pelo mesmo caminho de onde viera. O ranger estava com o arco na mão, mas não viu motivos para disparar contra o animal, deixou-o partir. Demorou quase uma hora para Rynlon se tranquilizar. Isso preocupou o patrulheiro, que não dormiu bem naquela noite.
Veio a aurora, e com ela o canto de muitos pássaros. O seu cão já estava acordado quando Hansi se levantou. O meio-elfo juntou suas coisas e foi atrás de Adennon. O arqui-ranger morava numa pequena cabana de madeira e palha numa clareira da floresta. Era nesse lugar que os millikars haviam se reunido no dia anterior. A porta se abriu antes que o sentinela pudesse bater. Um homem velho - mas vigoroso - surgiu diante dele e o saudou com um sorriso:
- Olá, Hansi. Eu queria mesmo falar com você. Entre.
A cabana tinha uma mobília muito simples. Pouco mais do que uma pequena mesa de madeira, alguns bancos e uma cama de palha. Mas as paredes eram densamente adornadas. E Hansi achou aqueles adornos mais interessantes do que quaisquer pinturas que pudessem enfeitar a casa do mais rico dos nobres. Havia meia dúzia de arcos, um par de bestas e mais de dez adagas e espadas leves. Nenhuma arma era igual à outra, elas diferiam em tamanho, forma ou no material de que eram feitas. O sentinela desconfiou que cada uma tinha uma história diferente pra contar também.
Assim que Hansi sentou-se num banco, Adennon perguntou:
- Algo o aflige, meu jovem?
- Ah... sim. Na noite passada, vi um animal bastante estranho. Um lobo de pelagem muito escura. Ele tinha um olhar esquisito, como se estivesse me julgando. Rynlon pareceu muito desconfortável na presença dele.
- Hmm... Um worg, talvez. Essas criaturas não habitam nossa floresta. Mas sei que há um bom número delas nas montanhas do oeste. Não são lobos normais. São predadores astutos e vis.
- Lembrarei dessas palavras caso encontre um deles novamente.
- É bem possível que isso aconteça. Pois quero que você continue patrulhando a borda oeste de nossa mata.
Hansi ficou supreso com essa palavras. Porque era exatamente a ala ocidental da floresta que ele gostaria de patrulhar.
- Eu... irei.
- Mas não irá sozinho.
Mais uma vez, o meio-elfo ficou surpreso. Sabia que o arqui-ranger estava mandando os patrulheiroso andar em pequenos grupos, mas Hansi sempre vagara sozinho pela floresta, não esperava ter que andar com alguém além de Rynlon.
Absorto em seus pensamentos, o patrulheiro não percebera a chegada de uma figura à entrada da cabana. O estranho homem vestia um peitoral de couro simples, usava uma capa e um capuz. Trazia uma espada leve de lâmina curvada presa ao cinto e o rosto estava coberto por uma estranha máscara de pano azul desbotada .
- Ah, esse é Tolkki. Ele o acompanhará nas patrulhas.
Longe dali, além dos limites da floresta, uma pequena gruta se abre aos pés das montanhas. Uma figura canina - recém-chegada - narra sua incursão na floresta enquanto uma mão de coloração esverdeada acaricia o seu pelo negro. Quando o animal termina o relato, uma voz imponente se propaga pelo local:
- Bom trabalho, meu amigo. Bom trabalho.
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[1] Sehanine Moonbow é a deusa élfica dos mistérios, do céu, da lua e das estrelas. Seus servos atuam como conselheiros espirituais, realizam funerais e velam pelos mortos.
[2] Millikars, são os guardas de Mielikki, deusa cultuada por rangers, fadas e outras criaturas das florestas.
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Este post é o segundo sobre Hansi, o sentinela. Espero ainda escrever bastante sobre esse personagem. Pra quem não leu o primeiro, ou quiser reler, veja aqui.
Hansi estava deitado sobre a grama, à margem de um riacho. Rynlon, ao seu lado, saboreava a carne de uma lebre suculenta. O sentinela observava as estrelas, ele sabia o nome de muitas delas. Naquele exato momento apreciava a constelação do hipogrifo
Apesar da atmosfera
Um uivo alto ecoou pela noite. Rynlon se levantou abruptamente e começou a caminhar apreensivo. O sentinela não entendeu porque o animal ficara daquele jeito: sempre houve lobos naquela floresta e não era de se espantar que eles uivassem naquela noite de lua cheia. Tentou acalmar o cão, mas não obteve sucesso. Alguns minutos depois, o cachorro começou a ladrar em direção à margem oposta do riacho. Hansi espremeu os olhos para aquele lado e demorou para enxergar alguma coisa. Por fim, avistou uma forma saindo de trás das árvores.
Era, de fato, um lobo, mas havia algo de estranho nele. Sua pelagem parecia tão escura quanto as sombras da noite. O lupino caminhou até a beira do córrego e parou. Olhou na direção de Rynlon - que parara de ladrar - e, em seguida encarou Hansi. Havia um brilho
Veio a aurora, e com ela o canto de muitos pássaros. O seu cão já estava acordado quando Hansi se levantou. O meio-elfo juntou suas coisas e foi atrás de Adennon. O arqui-ranger morava numa pequena cabana de madeira e palha numa clareira da floresta. Era nesse lugar que os millikars haviam se reunido no dia anterior. A porta se abriu antes que o sentinela pudesse bater. Um homem velho - mas vigoroso - surgiu diante dele e o saudou com um sorriso:
- Olá, Hansi. Eu queria mesmo falar com você. Entre.
A cabana tinha uma mobília muito simples. Pouco mais do que uma pequena mesa de madeira, alguns bancos e uma cama de palha. Mas as paredes eram densamente adornadas. E Hansi achou aqueles adornos mais interessantes do que quaisquer pinturas que pudessem enfeitar a casa do mais rico dos nobres. Havia meia dúzia de arcos, um par de bestas e mais de dez adagas e espadas leves. Nenhuma arma era igual à outra, elas diferiam em tamanho, forma ou no material de que eram feitas. O sentinela desconfiou que cada uma tinha uma história diferente pra contar
- Algo o aflige, meu jovem?
- Ah... sim. Na noite passada, vi um animal bastante estranho. Um lobo de pelagem muito escura. Ele tinha um olhar esquisito, como se estivesse me julgando. Rynlon pareceu muito desconfortável na presença dele.
- Hmm... Um worg, talvez. Essas criaturas não habitam nossa floresta. Mas sei que há um bom número delas nas montanhas do oeste. Não são lobos normais. São predadores astutos e vis.
- Lembrarei dessas palavras caso encontre um deles novamente.
- É bem possível que isso aconteça. Pois quero que você continue patrulhando a borda oeste de nossa mata.
Hansi ficou supreso com essa palavras. Porque era exatamente a ala ocidental da floresta que ele gostaria de patrulhar.
- Eu... irei.
- Mas não irá sozinho.
Mais uma vez, o meio-elfo ficou surpreso. Sabia que o arqui-ranger estava mandando os patrulheiroso andar em pequenos grupos, mas Hansi sempre vagara sozinho pela floresta, não esperava ter que andar com alguém além de Rynlon.
Absorto em seus pensamentos, o patrulheiro não percebera a chegada de uma figura à entrada da cabana. O estranho homem vestia um peitoral de couro simples, usava uma capa e um capuz. Trazia uma espada leve de lâmina curvada presa ao cinto e o rosto estava coberto por uma estranha máscara de pano azul desbotada
- Ah, esse é Tolkki. Ele o acompanhará nas patrulhas.
Longe dali, além dos limites da floresta, uma pequena gruta se abre aos pés das montanhas. Uma figura canina - recém-chegada - narra sua incursão na floresta enquanto uma mão de coloração esverdeada acaricia o seu pelo negro. Quando o animal termina o relato, uma voz imponente se propaga pelo local:
- Bom trabalho, meu amigo. Bom trabalho.
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[1] Sehanine Moonbow é a deusa élfica dos mistérios, do céu, da lua e das estrelas. Seus servos atuam como conselheiros espirituais, realizam funerais e velam pelos mortos.
[2] Millikars, são os guardas de Mielikki, deusa cultuada por rangers, fadas e outras criaturas das florestas.
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Este post é o segundo sobre Hansi, o sentinela. Espero ainda escrever bastante sobre esse personagem. Pra quem não leu o primeiro, ou quiser reler, veja aqui.
16 de jul. de 2006
O Sentinela
Naquela tarde de primavera, o sol brilhava brandamente, poucas nuvens manchavam o manto azul do céu. Mais abaixo, várias árvores se erguiam da terra, formando um imenso jardim verde de aparência tranquila, a Mata do Alvorecer. O silêncio da paisagem era interrompido apenas pelo canto dos pássaros que procuravam seus pares para acasalar. Apenas um olho atento e um ouvido treinado poderiam perceber que alguém caminhava soturno por entre as árvores...
O homem que caminhava pela mata chamava-se Hansi. Pertencente a uma espécie híbrida, chamada pelos elfos de meio-humanos e pelos humanos de meio-elfos. Ele, contudo, não se importava com esses títulos; o único título com o qual se importava, e que gostava de ostentar, era o de Sentinela da Floresta. Hansi pertencia a um grupo conhecido como milikkars, ou guardas de Mielikki.
Após horas percorrendo a floresta, algo chamou a atenção do patrulheiro. Agachado no chão, tateava as marcas deixadas na terra enquanto seu amigo farejava ao lado. Apesar de estarem juntos apenas a alguns meses, o seu cão Rynlon era um dos melhores amigos que já tivera. Além de excelente farejador, era silencioso e totalmente leal. Hansi ensinara ao animal alguns truques e os dois se comunicavam quase como se pertencessem a mesma espécie. Após cheirar os rastros, o cão emitiu dois latidos graves e um agudo, o que só podia significar uma coisa...
- Orcs!
Os orcs fizeram parte do passado nebuloso de Hansi, mas o sentinela não os temia. Pelo contrário, sabia exatamente como eles agiam e como derrotá-los. Podia reconhecer o cheiro ruim de um deles quase tão bem quanto o seu companheiro canino. A lembrança dessas criaturas fez com que o patrulheiro imediatamente sacasse o arco e deixasse uma flecha em punho: era melhor estar preparado.
Mais silencioso do que nunca, Hansi seguiu os rastros mantendo os olhos e ouvidos bem atentos. Não precisou andar muito para encontrar uma das criaturas - sem dúvida, um batedor - pensou o guardião da floresta. Fez um sinal para o cão se afastar, mirou a flecha cuidadosamente e disparou. Rompendo o ar com um zunido, o projétil atingiu o orc na nuca, arrancando-lhe um grunido de dor e fazendo seu sangue escorrer pescoço abaixo. O meio-elfo puxou uma segunda seta da aljava e atirou rapidamente, acertando o alvo no ombro esquerdo e provocando mais um grito de dor. O monstro alvejado perdia o equilíbrio das pernas quando Hansi preparava uma terceira flecha, mas o sentinela foi supreendido:
- Parado aí! - bradou uma voz gutural às suas costas - se fizer qualquer movimento, eu o mato. Largue o arco no chão!
Fora tolo de imaginar que o orc estaria sozinho e Hansi se odiou por isso. O ranger imaginou que seria insensato não atender às exigências do segundo adversário. Soltou o arco no chão e virou-se para a criatura. Era apenas um, mas empunhava uma grande besta, pronta para disparar. Fizera a coisa certa, o corselete de couro que estava usando não protegia bem suas costas. Além disso, sabia que os orcs costumavam envenenar os seus dardos.
Hansi avaliava a situação. Se o orc quisesse apenas matá-lo, já teria disparado aquele quadrelo. Apanhar o arco ou tentar lutar seria tolice: além da besta que trazia nas mãos, o orc tinha preso à cintura uma longa espada, o patrulheiro estava em clara desvantagem. Olhando para os lados, viu que Rynlon não estava à vista, mas sabia que o animal estava bem perto.
A criatura observava o sentinela atentamente. Não tinha intenção de matá-lo, sabia que o seu líder o recompensaria se trouxesse o 'elfo' como prisioneiro. Era sua chance de subir na hierarquia da tribo e ficar acima dos meros peões:
- Escute, elfo! É melhor que você fique bem calmo e não faça nenhuma besteira. Se obedecer minhas ordens, talvez você viva para ver o sol de novo. Agora, vire de costas e siga a trilha atrás de você, bem devagar. Vamos!
O ranger franziu a testa e balançou a cabeça com uma expressão confusa na face. Em seguida, falou em voz alta:
- Dartha u-achas, dartha ad ten.
- O que você disse? - esbravejou o orc - Não me diga que... Ah, seu elfo estúpido, não me diga que você não fala comum!? Vamos! Vi-re-se, an-de e não fa-ça NE-NHUMA GRA-CINHA!
O orc se descontrolou: pisava no chão com força, bufava, gesticulava e tentava dar ordens ao seu prisioneiro. Quando já estava bastante furioso, o elfo balançou a cabeça em sinal de entendimento e fez menção de virar-se para obedecê-lo. A criatura suspirou aliviada, mas em seguida ouviu o sentinela dizer:
- Nag mi orch!
Embora o orc não entendesse o que diziam, as palavras do meio-elfo possuíam um tom claramente ofensivo, ao qual o orc reagiu imediatamente. No momento em que a criatura preparava-se para atirar, Rynlon mordeu-lhe o tornozelo com força, puxando-o para trás. A seta que atingiria o patrulheiro voou para o alto sem ameaçá-lo.
Enquanto o orc sacudia a perna violentamente, tentando livrar-se do cachorro, Hansi agiu rapidamente: avançou contra o inimigo enquanto sacava um par de adagas que trazia ocultas em seu cinto. Em seguida, estocou-as profundamente nos rins da criatura. Suas mãos logo se banharam de sangue e um estrondoso grito de dor ecoou pela floresta.
Hansi contemplou o corpo do orc por alguns segundos e a seguir verificou se Rynlon não estava ferido. "Fui imprudente ao tentar caçar os orcs sozinho" - pensou o sentinela. O cachorro olhou para ele com um ar ofendido. O ranger deu um sorriso e acariciou o animal. Em seguida encaminhou-se a passos largos para o coração da floresta: seus companheiros precisavam ser alertados.
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Este post é dedicado ao mizera do meu irmão.
Gostaria de agradecer a minha cunhadinha Amanda Undomiel
por me ajudar com as frases élficas. Valeu!
O homem que caminhava pela mata chamava-se Hansi. Pertencente a uma espécie híbrida, chamada pelos elfos de meio-humanos e pelos humanos de meio-elfos. Ele, contudo, não se importava com esses títulos; o único título com o qual se importava, e que gostava de ostentar, era o de Sentinela da Floresta. Hansi pertencia a um grupo conhecido como milikkars, ou guardas de Mielikki.
Após horas percorrendo a floresta, algo chamou a atenção do patrulheiro. Agachado no chão, tateava as marcas deixadas na terra enquanto seu amigo farejava ao lado. Apesar de estarem juntos apenas a alguns meses, o seu cão Rynlon era um dos melhores amigos que já tivera. Além de excelente farejador, era silencioso e totalmente leal. Hansi ensinara ao animal alguns truques e os dois se comunicavam quase como se pertencessem a mesma espécie. Após cheirar os rastros, o cão emitiu dois latidos graves e um agudo, o que só podia significar uma coisa...
- Orcs!
Os orcs fizeram parte do passado nebuloso de Hansi, mas o sentinela não os temia. Pelo contrário, sabia exatamente como eles agiam e como derrotá-los. Podia reconhecer o cheiro ruim de um deles quase tão bem quanto o seu companheiro canino. A lembrança dessas criaturas fez com que o patrulheiro imediatamente sacasse o arco e deixasse uma flecha em punho: era melhor estar preparado.
Mais silencioso do que nunca, Hansi seguiu os rastros mantendo os olhos e ouvidos bem atentos. Não precisou andar muito para encontrar uma das criaturas - sem dúvida, um batedor - pensou o guardião da floresta. Fez um sinal para o cão se afastar, mirou a flecha cuidadosamente e disparou. Rompendo o ar com um zunido, o projétil atingiu o orc na nuca, arrancando-lhe um grunido de dor e fazendo seu sangue escorrer pescoço abaixo. O meio-elfo puxou uma segunda seta da aljava e atirou rapidamente, acertando o alvo no ombro esquerdo e provocando mais um grito de dor. O monstro alvejado perdia o equilíbrio das pernas quando Hansi preparava uma terceira flecha, mas o sentinela foi supreendido:
- Parado aí! - bradou uma voz gutural às suas costas - se fizer qualquer movimento, eu o mato. Largue o arco no chão!
Fora tolo de imaginar que o orc estaria sozinho e Hansi se odiou por isso. O ranger imaginou que seria insensato não atender às exigências do segundo adversário. Soltou o arco no chão e virou-se para a criatura. Era apenas um, mas empunhava uma grande besta, pronta para disparar. Fizera a coisa certa, o corselete de couro que estava usando não protegia bem suas costas. Além disso, sabia que os orcs costumavam envenenar os seus dardos.
Hansi avaliava a situação. Se o orc quisesse apenas matá-lo, já teria disparado aquele quadrelo. Apanhar o arco ou tentar lutar seria tolice: além da besta que trazia nas mãos, o orc tinha preso à cintura uma longa espada, o patrulheiro estava em clara desvantagem. Olhando para os lados, viu que Rynlon não estava à vista, mas sabia que o animal estava bem perto.
A criatura observava o sentinela atentamente. Não tinha intenção de matá-lo, sabia que o seu líder o recompensaria se trouxesse o 'elfo' como prisioneiro. Era sua chance de subir na hierarquia da tribo e ficar acima dos meros peões:
- Escute, elfo! É melhor que você fique bem calmo e não faça nenhuma besteira. Se obedecer minhas ordens, talvez você viva para ver o sol de novo. Agora, vire de costas e siga a trilha atrás de você, bem devagar. Vamos!
O ranger franziu a testa e balançou a cabeça com uma expressão confusa na face. Em seguida, falou em voz alta:
- Dartha u-achas, dartha ad ten.
- O que você disse? - esbravejou o orc - Não me diga que... Ah, seu elfo estúpido, não me diga que você não fala comum!? Vamos! Vi-re-se, an-de e não fa-ça NE-NHUMA GRA-CINHA!
O orc se descontrolou: pisava no chão com força, bufava, gesticulava e tentava dar ordens ao seu prisioneiro. Quando já estava bastante furioso, o elfo balançou a cabeça em sinal de entendimento e fez menção de virar-se para obedecê-lo. A criatura suspirou aliviada, mas em seguida ouviu o sentinela dizer:
- Nag mi orch!
Embora o orc não entendesse o que diziam, as palavras do meio-elfo possuíam um tom claramente ofensivo, ao qual o orc reagiu imediatamente. No momento em que a criatura preparava-se para atirar, Rynlon mordeu-lhe o tornozelo com força, puxando-o para trás. A seta que atingiria o patrulheiro voou para o alto sem ameaçá-lo.
Enquanto o orc sacudia a perna violentamente, tentando livrar-se do cachorro, Hansi agiu rapidamente: avançou contra o inimigo enquanto sacava um par de adagas que trazia ocultas em seu cinto. Em seguida, estocou-as profundamente nos rins da criatura. Suas mãos logo se banharam de sangue e um estrondoso grito de dor ecoou pela floresta.
Hansi contemplou o corpo do orc por alguns segundos e a seguir verificou se Rynlon não estava ferido. "Fui imprudente ao tentar caçar os orcs sozinho" - pensou o sentinela. O cachorro olhou para ele com um ar ofendido. O ranger deu um sorriso e acariciou o animal. Em seguida encaminhou-se a passos largos para o coração da floresta: seus companheiros precisavam ser alertados.
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Este post é dedicado ao mizera do meu irmão.
Gostaria de agradecer a minha cunhadinha Amanda Undomiel
por me ajudar com as frases élficas. Valeu!
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