4 de jul. de 2006

O lobo solitário

Rulviar era uma como tantas outras cidades pequenas ao longo da Estrada do Mar da Lua: dedicava-se à agricultura e à caça, mas o que sustentava mesmo sua economia eram os mercadores que se hospedavam na cidade. Nada demais parecia acontecer em Rulviar, as histórias mais interessantes eram trazidas de fora pelos viajantes e contadas nas tavernas.

Naquele noite, em especial, o povo de Rulviar teve dificuldades para dormir. Ouviam, do bosque próximo, uivos constantes, estavam assustados. Os moradores, no entanto, não sabiam que aqueles eram, na verdade, uivos de tristeza.

Naquela tarde, durante o período da feira, quatro homens batiam num rapaz franzino em um beco sujo da cidade. Motivo: dívida de jogo, 6 peças de prata parecia um motivo suficiente para aplicar-lhe uma boa surra. Um jovem que caminhava distraidamente viu a cena e resolveu ajudar o homem em desvantagem.

Lutou com valentia, mas teria sido espancado pelos quatro se não contasse com a ajuda de forças ocultas. O jovem salvador era, na verdade, um homem amaldiçoado: quando tomado pela fúria ou tocado pela luz da lua cheia, ele se transformava. Era um licantropo.

Os valentões foram facilmente derotados pela fera. Fugiram pelas ruas marcados por socos e garras, um monstro os perseguia. Nas ruas, as pessoas olhavam assustadas, gritavam, chamavam pela guarda. Apenas quando vários homens empunhando lanças vieram em sua direção, o homem-lobo percebeu que estava em perigo. Fugiu. Refulgiou-se numa mata próxima. Os guardas não ousaram persegui-lo.

Nunca se sentira tão só quanto naquela noite. O bosque ao seu redor era mais acolhedor que a cidade, ainda assim não era confortável. O lobisomem entoava um canto triste para as estrelas. De repente, um cheiro familiar invadiu-lhe as narinas e uma voz diferente da sua quebrou o silêncio da noite:

- Você está bem? - peguntou uma voz feminina.

Virando a cabeça de lado, ele olhou pelo canto do olho e viu uma mulher às suas costas. Reconheceu-a. Estava na feira, vendendo flores; se não estivesse tão faminto naquela hora teria gastado algum tempo observando-a, ela era linda. Mas, de todo jeito, aquele perfume de jasmim-da-montanha era inconfundível.

- Você não devia estar aqui, é perigoso - retrucou, mal-humorado.

- Não vejo porque - disse a moça sentando-se ao lado dele sem cerimônias.

- Acho que você não sabe o que sou.

- Sei sim, você é um lobisomem, o que isso tem demais?

O homem ficou surpreso. Olhou de lado e viu que, sob um véu de cabelos ruivos, havia um rosto fitando o céu atentamente. Parecia procurar algo entre as estrelas. Seus olhos emanavam um estranho ar de sabedoria. - Que mulher atrevida, o que ela faz aqui afinal? - se indagava o licantropo, mais admirado do que incomodado. Resolveu, então, interromper o silêncio:

- Ah, então você acha que não é nada demais? - falou, pondo-se de pé, parecia ofendido. É - continuou, dando as costas à mulher -, você não tem IDÉIA do que é ser um lobisomem. Transformar-se num monstro contra sua vontade, provocar medo e fúria nas pessoas... Os lobos, às vezes, me fazem companhia, mas eu fui criado em cidades... Eles SABEM que eu sou diferente. - sua voz ganhou um tom de desabafo - Sou tratado pelos humanos como um lobo e pelos lobos como um humano... Acho que fui condenado a ser exatamente isto - apontando para si -... um lobo solitário.

- Você tem razão, eu não sei o que é ser um lobisomem, não sei por que dificuldades você passa - fez uma pausa -, mas sei que você não está condenado a solidão.

O jovem emitiu um pequeno rosnado. - Ela só diz isso porque deve sentir pena de mim - pensou. Após alguns minutos silenciosos, ele sentiu algo roçar-lhe o joelho, era um focinho, um focinho canino. Um instante depois, havia um lobo lambendo sua perna carinhosamente. Os pêlos do animal tinham um tom levemente rubro, notou o "lobo solitário".

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Não sei... acho que esta estória ficaria mais legal contada oralmente...

6 comentários:

Eduardo Costa disse...

Cara, essa história ficaria muito melhor contada oralmente... Me lembrou a história do carinha que o Félius matou.

O Lobo "solitário" é um personagem pra campanha?

Anônimo disse...

Macabra este post cumpadre, mas beleza. Ei ta legal. Valeu tenho que ir, o dever me chama, to atolado em prova tu sabes né. Um abraço cara, fica na paz

Eduardo Costa disse...

É a crise monetário-inflacionária-autoritária-interplanetária corolária-atômica-libertária-energética-nacionalista-mundial-capitalista.

Ou o que outros chamam de final de período.

Se conforme, cara. Daqui a umas duas semanas vão ter mais comentários no seu bróguio.

Anônimo disse...

sem pró!
Vc vai nos contar...
=DDDD
Vou cobrar!
Xeru

Anônimo disse...

Eu acho que tu só achou isso pq tu pensou e escreveu o diálogo p/ ser entendido falado. Eu ia falar disso mesmo antes de ver teu comentário sobre. Devia ter sido mais criativo um pouquinho, pq qd não tem a intnação da voz é preciso embelezar um pouquinho com a mudança das palavras. Deu p/ entender? É só uma opinião. Mas o texto ficou fantástico. Se ela era um "animago" tb, pq ela disse que não sabia o que era ser um lobisomem? Achoq ue a fala aí tb poderia ser outra. Eita,olha meu atreviemnto, criticando teu texto. kkkkkkkk Mas tu sabe q é totalmente construtivo,né??

iosintacos disse...

Me gusto muchoooo esta historia del lobo solitario y cuando me la explicaste me sentí identificada con el lobo solitario, tal vez porque muchas veces me siento como pez fuera del agua...xD. Cuándo postearás nuevamente? espero ese post con ansias!!!!!!(y si fuera en español te ganas un super premio ahahahahaa) besotes!!!!!