Era fim de tarde. O sol buscava o seu abrigo nas entranhas da terra no ocidente distante. Na direção oposta, cavalgavam três companheiros, o semblante escuro deles contrastava com o tom alaranjado do pôr-do-sol.
- Diga-me, Snick: De onde vem esse seu nome Dedos-Leves? - Cristoph perguntou de repente, rompendo o longo silêncio que havia entre os três viajantes.
A pergunta pegou Snick despreparado. Tamanha foi sua surpresa que instintivamente ele freou sua montaria.
- Er... eu venho de uma renomada família de alfaiates. Muito talentosos por sinal. Meus antepassados já fizeram roupas até para a Família Real. Foi o tio do meu tio que fez a mortalha do falecido Rei Theodoric Décimo Sexto - que os deuses o tenham - e a minha avó costurou as primeiras meias que o nosso digníssimo rei calçou quando veio ao mundo. Pode perguntar a ele: Robber e Stelphie Dedos-Leves, talvez ele se lembre.
- Nossa, - exclamou Cristoph admirado - sua família parece mesmo talentosa no que faz. Por que você não seguiu o legado?
- Porque... digamos que eu não tenha herdado esse talento. - justificou Snick.
- Rapazes, odeio interromper a conversa de vocês, mas a noite está nos alcançando e precisamos arranjar um lugar para acampar. - alertou Eeria.
- Tem razão, milady - concordou Cristoph - as estradas não são seguras à noite.
Demorou pouco para eles arranjarem um lugar para descansar. Próximo a uma pequena colina não muito longe da estrada. Eles arrancaram galhos das árvores retorcidas que cresciam na região e fizeram uma fogueira. Amarraram os cavalos e depois dormiram em seus sacos de dormir, exceto o cavaleiro. Ele se dispôs a permanecer acordado e manter-se vigilante, os companheiros aceitaram de bom grado.
Cristoph, então, pois-se a remoer em pensamentos. Ele tinha uma missão importante a cumprir e não lhe agradava o fato de estar se desviando de seu curso. No entanto, a menção da espada lendária que repousava no tesouro de Throm-Rhel não podia ser ignorada. O cavaleiro não acreditava em coincidências: os deuses haviam traçado esse caminho para ele, era seu destino empunhar a lâmina sagrada.
De repente, um barulho veio de um arbusto próximo, despertando Cristoph de seus pensamentos. Instintivamente pegou sua espada e esgueirou-se cautelosamente em direção ao local. O que poderia ser? Um lobo? Um bandido? Um monstro? Um...
- ...Eeria!? - exclamou Cristoph surpreso ao vê-la sair de trás da vegetação.
- Claro que sou eu! Você tava me espionando?
- N-não, milady, claro que não. Não imaginava que fosse você. Mas o que você está fazendo aí?
- Ora, será que uma dama não tem direito a um pouco de privacidade? - retorquiu a mulher aborrecida.
Cristoph, envergonhado, esperou alguns minutos antes de voltar ao acampamento. Ao chegar, encontrou Eeria deitada no chão ao lado da fogueira. Estava de olhos abertos olhando para o céu.
- O que estás a observar, milady? - perguntou Cristoph.
- As estrelas. Venha, deixe-me mostrá-las. - disse Eeria fazendo o cavaleiro deitar-se ao seu lado. - Essa é a constelação do grifo, e essa é a da espada flamejante e essa...
E assim a feiticeira foi mostrando ao cavaleiro várias constelações. E cada vez que ela apontava para as estrelas, Cristoph conseguia ver a gravura correspondente a cada constelação quase como se os dedos de Eeria fossem pincéis mágico a pintar a grande tela que era o céu da noite.
- É mesmo uma bela visão, milady. Não é à toa que você gosta de observá-las. - comentou o cavaleiro.
- Não vejo as estrelas apenas por sua beleza, Cristoph. Os sábios dizem que o céu é como um enorme tomo onde os próprios deuses escrevem conhecimentos de imenso poder. Existem muitos tipos de estrelas e elas são um espécie de alfabeto que só os deuses entendem. No céu, estão escritos grandes segredos do passado e do futuro. Aquele que um dia conseguir decifrar o significado de cada estrela alcançará uma sabedoria inimaginável para um...
Eeria, então, percebeu que o cavaleiro tinha adormecido. Um filete de baba escorria de sua boca aberta.
- Que belo guarda-costas fomos arranjar! - exclamou Eeria pondo-se de pé.
A feiticeira, de repente, parou e ponderou sobre a ambiguidade de suas palavras. Passou o resto da noite de vigília e vez por outra se pegava observando os cabelos loiros do cavaleiro brilhando à luz do fogo.
E a noite se passou sem que nenhum mal se abatesse sobre eles, ou pelo menos assim eles achavam...
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* a continuação da história de Cristoph, o Cavaleiro sem-nada-na-cabeça
* ainda não é nesse post que tem sangue e porrada =\
* eu gostaria de estar postando com mais frequência, mas não tá dando não, peço paciência.
* detalhe: Eeria acordou e saiu do acampamento e Cristoph nem percebeu! =P
6 comentários:
heheheh foi bom titio!!!
gostei bastante, o cavaleiro tah e de olho na espada!!! UI! =)
mas, ondas a parte tah muito legal!!! =) coloca um koboldzinho pra ele matar!!!! hehehehhe
o cavaleiro mais mané da net está de volta...
e a feiticeira esperta vai se deixar levar pela beleza dele...
mulheres... por mais inteligente que pareçam, possuem um defeito mortal: gostam de homens!
(BOM PRA NÓIS!) =D
flw!
Que coisa anime da porra!, ele dormir quando ela está empolgada discorrendo sobre as maravilhas escondidas nas estrelas...
Porra, se Snick e Eeria dependerem de Christoph pra montar guarda...
O cavaleiro sem-nada-na-cabeça e a feiticeira das orbes encantadoras. Quero ver onde isso vai parar.
E porra: Snick, Stelphie, Robber... família boa essa, viu?
=D
Porra de kobold! Tem que ter um beholder!
è Cuervas, mais uma boa éstoria supercriativa e com nomes engraçados. kkkk. Cara, beleza de post, estou aguardando ancioso a segunda parte, e vai no teu tempo postando como der. Abraço e tudo de bom cuervas
Cuervas parece é nome de uísque espanhol.
Ou vinho argentino.
Ou gin porto-riquenho.
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