- Eu... suponho que você esteja certo. Não foi minha intenção ofendê-lo, senhor Snick. Aceite minhas desculpas.
- Desculpas aceitas.
- Eu sou Cristoph, sou um cavaleiro e estou em uma importante missão à serviço de Vossa Majestade: devo navegar pelo Rio dos Mortos e chegar ao Vale das Almas Perdidas para confrontar...
- Hmmm... um cavaleiro obstinado! Exatamente o tipo de idio... cof! ...de herói que estávamos precisando.
- O que você disse?
- Estava apenas pensando alto. Venha, quero lhe apresentar alguém.
O jovem rapaz guiou Cristoph até uma pequena mesa num canto da taverna. Então, em um tom formal, disse:
- Conheça minha parceira, Eeria.
A mulher sentada na mesa tinha um olhar distante e um jeito distraído. Trajava vestes longas que pareciam de boa qualidade, mas em alguns pontos o tecido parecia descosturado ou mesmo carbonizado. Seus longos cabelos cor de palha estavam impecavelmente dispostos como os ramos de uma samambaia após um intenso vendaval.
Cristoph - no entanto - não reparara em nada disso, havia alguma coisa intrigante naquela mulher, algo que prendia-lhe a atenção, mas ele não sabia o que era. Ela tinha alguma coisa sutil que evocava respeito. Ele sentiu como se parte da personalidade dela se projetasse para fora de seu corpo formando um par de orbes mágicas parcialmente ocultas por véus de couro e algodão.
- Opa, aqui em cima! - Snick chamou a atenção de Cristoph, estalando os dedos na altura do rosto da companheira.
- Snick? Quem... é seu amigo? - perguntou a mulher, finalmente percebendo o mundo à sua volta.
- Cristoph, Eeria. Eeria, Cristoph. - apresentou Snick informalmente sentando-se numa cadeira.
- É um prazer conhecê-la, milady. - falou cordialmente o cavaleiro dando um leve beijo na mão da mulher.
- Cuidado, cavaleiro - provocou Snick -, Eeria é uma feiticeira de considerável poder, você não vai querer ofendê-la, vai?
- Eu... não quis ser desrespeituoso. Vocês devem ser...
- ... Parceiros profissionais! - respondeu Snick - Somos caçadores de tesouros.
Eeria confirmou balançando a cabeça.
- Me parece uma profissão perigosa.
- Sem dúvida. - confirmou Snick - Mas, como dizia meu sábio tio: "Grandes riscos trazem grandes recompensas". Nosso próximo alvo é uma ruína não muito longe de Faruel. Eeria, você pode contar com mais detalhes.
- Antes de Lândia ter se tornado um reino unificado - começou a feiticeira -, esta região era dominada por vários clãs de bárbaros. Conta-se que um desses clãs era comandado por um cruel e terrível xamã: Throm-Rhel. Através de seu imenso poder mágico, ele podia lançar pragas nas plantações, convocar grandes tempestades e invocar criaturas monstruosas para lutar ao seu lado. Ele provocou guerras contras as outras tribos, destruiu pequenas cidades que começavam a se formar na região, foi responsável pela morte de milhares de homens e mulheres. Eventualmente, seus inimigos puseram as diferenças de lado e se aliaram contra o xamã. Throm-Rhel e seus homens não puderam combater todos eles.
- Pois é - interrompeu Snick -, o xamã maligno morreu. Mas, durante as décadas de conquistas, ele acumulou muitas riquezas - inclusive objetos mágicos. As lendas dizem que ele teria construído uma cripta secreta onde teria escondido todo o seu tesouro. E acontece, meu amigo, que o Dedos-Leves aqui teve a oportunidade de pôr as mãos num mapa que mostra exatamente a localização da cripta.
- Bem, essa é uma história fascinante, sem dúvida. Mas, por que vocês estão me contando tudo isso? - perguntou Cristoph ingênuo.
Snick respirou fundo e falou:
- Essa ruína sem dúvida é cheia de armadilhas, proteções mágicas e guardiões. Bom, eu... tinha um tio que era caçador, sabe? E ele... me ensinou como evitar armadilhas, enfim, armadilhas não serão problema! Eeria é uma feiticeira competente, saberá como lidar com as proteções mágicas (eu espero). Quanto aos guardiões... seria necessário alguém habilidoso com uma espada, um sujeito forte e corajoso. Quem sabe um cavaleiro em uma armadura brilhante?
- Ah, entendi aonde você quer chegar. Vocês vão atrás do tal tesouro, mas não podem superar todos os perigos sozinhos. E precisam de alguém para lidar com os guardiões. Alguém com uma armadura brilhante... como a minha. Espere! Vocês estão sugerindo que eu vá com vocês!?
- Exato, meu amigo! Você pega as coisas rápido, hein? E, antes que pergunte, eu lhe digo que vamos repartir o tesouro em frações minuciosamente justas.
- Receio que eu não possa acompanhá-los. - falou o cavaleiro levantando-se da mesa - Eu não almejo riquezas. Tenho uma missão importante e nada pode me desviar do meu caminho. Boa sorte em suas aventuras, foi um prazer conhecê-los. - despediu-se Cristoph virando-se de costas e se afastando da mesa.
- Eeria, eu mencionei que no tesouro de Throm-Rhel está incluída uma espada sagrada? Uma arma lendária que dizem ter sido forjada pelos deuses no início dos tempos e que só um homem nobre e justo é capaz de empunhá-la?
Cristoph estancou o passo. Demorou alguns instantes parado e então virou-se dizendo:
- Eu... estive pensando, talvez...
- Prepare suas coisas, amigo. Partiremos amanhã ao nascer do sol.
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* Allana, valeu pelo comentário. Eu concordo com você, a primeira parte realmente não parece chegar a lugar algum. Na verdade, eu não tinha planejado fazer em duas partes, mas aí vi que ficaria um texto imenso, achei que ficaria inviável colocá-lo de uma só vez. Eu pensei e pensei em um modo de escrever a primeira parte de modo a concluir alguma idéia, mas não consegui. Foi falta de perícia mesmo.
* Quanto ao concurso, eu não escrevi o texto "pro membrana", escrevi pro rascunhos mesmo. Não nego que a vontade de participar do concurso - e ganhar seus maravilhosos prêmios xD - me motivou, mas meu objetivo principal era desenvolver o personagem - mais ou menos acatando um conselho que dudu me deu long time ago -, e não vencer o concurso. ^^
* Brigado mesmo pelo "toque". Conselhos como esse vão me ajudar a um dia escrever meus livros e ganhar milhões, milhões. Mwahuahahahaha.
* E mais uma vez, para o desnaturado do meu irmão: Parabeeens, mizera!!!
7 comentários:
Italo vai virar uma J.K. Rowling de barba e espinhas.
kd a parte 3???? agora tou curioso!!
Eeria eh gatxinha??? ela eh mulher ou uma garota??? =) labios carnudos? olhos castanhos escuros quase-vermelhos?? =) hehhheheheh
tou contigo e num abro!
www.blogogov.blogspot.com
Tah bom a coisa hein ??? E novamente... Ele n eh um mzr ¬¬"""
Eh linduuuuuuuu xP
Rapaz passei um tempo sem lhe visitar, e entrando hoje li este e o anterior e como ja suspeitava sua mente continua sempre muito criativa e inspirada. Belo post cuervas. Abraço e bom fim de semana.
"Ele sentiu como se parte da personalidade dela se projetasse para fora de seu corpo formando um par de orbes mágicas parcialmente ocultas por véus de couro e algodão."
sentimento complexo esse hein???
=D
cara... esse eh meu personagem favorito no meio das tuas histórias! o Cristoph eh muito mané... mas tenho certeza, vai se ferrar muitas outras vezes e no final vai se sair bem... eliminando o "malvado Zeider"
mas a feiticeira tem jeito de vadia??? menina da vida??? quem sabe rapariga (o feminino de rapaz, é claro)?
Rapaz... jah q vamos jogar domingo... aqueles 1000xp prometidos ainda estão em voga??
(vc prometeu pros dois primeiros... e eu fui um dos dois primeiros a postar, considerando apenas os jogadores desta campanha!!!!)
=D
flw!
Valeu, pessoal, pelos comentários.
- Dudu, quem me dera, viu? Exercitar minha criatividade, fazer algo que me diverte e ainda ganhar milhões, milhões, Mwuahuahuahahaha.
- Amando, valeu pelo comentário, velho. Eu realmente espero escrever bastante sobre o Cristoph. Gostei de como as coisas se desenvolveram. O Zeider que se cuide! Quanto a Eeria, ela não é mulher da vida não, ela é apenas uma maga, digamos... deveras "talentosa". E talvez o pobre cavaleiro tenha sido vítima de um de seus encantos, hehehe. Confesso, no entanto, que gostei mais do Snick. Ele é O cara!
Valeu, aê, povo! Té mais.
Titiolkien! :D
Show, cara! Ficou deveras interessante... Deu vontade de jogar RPG de novo. O meio-orc bárbaro Ishfor Sem Sobrenome ainda tá vivo? :P
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