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2 de out. de 2008

3 anos é muito tempo

- Olá, pessoal. Boa Tarde.

- Boa tarde, milady. - respondeu um homem louro trajando uma armadura brilhante.

- Será que o senhor Cristoph foi o único que me ouviu? Eu disse BOA TARDE!

- Boa tarde. - veio a resposta de várias vozes num tom monótono.

- Agora está melhor. Pessoal, todos aqui tem algum problema: algum medo, alguma angústia, alguma frustração. Nós estamos aqui reunidos para, juntos, colocarmos essas coisas que nos fazem mal para fora. Eu estou com o nome de vocês anotados aqui, cada um que eu chamar vai se apresentar e contar aos demais o seu problema. Elisha, pode começar.

Elisha era uma mulher alta e forte, de pele escura e longos cabelos brancos, algumas cicatrizes formavam as únicas falhas em seu rosto esbelto. No chão, ao lado de sua cadeira, repousava uma imensa espada. Ela respirou fundo e começou a falar:

- Bem, meu nome é Elisha e...

- Por que a drow é a primeira a falar? - retorquiu o meio-elfo.

Hansi era um homem de trajes e modos rústicos, mas trazia também a graça dos elfos; possuía uma pele bronzeada e cabelos curtos de um tom levemente esverdeado. Vestia-se com uma roupa de couro maltratada e carregava consigo um grande arco de caça.

- Deixe a dama falar. - intrometeu-se Cristoph.

- Ela não tem nada de dama. - completou o meio-elfo.

- Ora, seu...

- Pessoal! Pessoal! Calma, calma, vamos nos acalmar. Cada um vai ter sua chance de falar. Elisha, por favor, continue.

- Bom, eu sou Elisha, como todos já sabem. Eu sou, sim, uma meio-drow. Minha mãe era humana e nós vivemos longos anos como escravas na cidade drow de Menzoberranzan. Depois que ela morreu, eu só queria fugir daquele inferno e quando a oportunidade surgiu, foi isso o que fiz. Eu me lembro de correr desesperadamente pelos túneis de Underdark, mas houve uma hora em que tudo ficou escuro. Depois disso, a única coisa de que me lembro é de estar numa floresta chorando e prometendo vingança... e mais nada. É como se parte do meu passado... não tivesse sido escrita.

- Muito bem, Elisha, obrigada. Er.... Cristoph, você é o próximo.

Cristoph era um homem alto e de ar nobre, de pele clara e cabelos loiros. Trajava uma armadura de placas brilhante que parecia não deixar qualquer parte de seu corpo desprotegida.

- Meu nome é Cristoph, sou um cavaleiro de Lândia e estou numa missão importante a serviço do Nobilíssimo Rei Theodoric XVII. Devo encontrar um perverso feiticeiro chamado Zeider e fazê-lo parar de praticar suas maldades. Recentemente encontrei alguns aliados, que talvez possam me ajudar em minha missão, mas eu não consigo prosseguir em minha jornada. É como se a mão do destino tivesse simplesmente parado de escrever minha história.

- Certo, Cristoph, obrigada por seu testemunho. Hansi?

- Sou Hansi, devoto de Mielikki e patrulheiro da Floresta do Amanhecer. Tenho um cachorro e amigo leal chamado Rynlon e odeio orcs. Adennon, o líder dos patrulheiros, mandou que eu vigiasse a ala ocidental da floresta. Mas até agora não pude atender ao seu chamado, porque um certo escriba acomodado parou de escrever minhas histórias. Aparentemente, ele preferiu ficar falando sobre esse maníaco psicopata aí.

- Cale-se, elfo. Mais uma palavra e eu serei obrigado a cortar a sua garganta quando você estiver dormindo. - ameaçou Lenneth.

- Calma, pessoal, calma. Todos aqui temos nossos problemas e estamos aqui para tentar resolvê-los juntos, certo? Certo, agora que Hansi já falou... Lenneth, pode começar.

Lenneth usava roupas escuras e leves, não era nem alto nem forte, mas possuía um olhar astuto e frio. Estava sempre observando o ambiente ao seu redor, como se não quisesse deixar nenhum detalhe escapar.

- Meu nome é Lenneth e a morte é meu ofício, ou pelo menos era. Por vários anos atuei como um assassino de aluguel: matava por dinheiro, mas sentia verdadeiro prazer em fazê-lo. Até o dia em que o destino cuspiu em mim. O meu último contrato foi para matar uma certa mulher que, após eu terminar o serviço, descobri se tratar de minha própria irmã. Amargurado, eu planejei tirar minha própria vida, mas circunstâncias inusitadas atrapalharam meus planos. Acabei lutando para salvar uma mulher e em seguida tombando de exaustão. Se eu vou acordar no inferno ou terei uma chance de me redimir, eu não sei, e essa espera só me deixa mais angustiado.

- Obrigado, Lenneth. Vamos ver quem ainda não falou... Diego, sua vez.

- Diego!?!? - exclamaram os demais em uníssono.

- Quem diabos é Diego? - perguntou Lenneth.

- Sou eu. - respondeu um rapaz sentado no canto da sala.

Diego era um rapaz de estatura média, cabelo castanho curto e meia dúzia de espinhas no rosto. Usava uma calça jeans azul e uma camisa polo preta.

- Esse fedelho é o tal de Diego? - zombou Elisha.

- Fica na tua, orelhuda, eu sou mais velho que vocês tudinho.

(Silêncio)

- Tá bom, pessoal, vamos deixar o Diego falar. Por favor, Diego.

- Bom, como vocês já sabem, eu sou o Diego, eu tenho 19 anos e acabei de entrar na faculdade de engenharia. Eu gosto de namorar, falar no MSN (e não no telefone), ir ao cinema, encontrar meus amigos, ir na casa da minha namorada... Nossa, a Marcela é uma menina maravilhosa, eu adoro ela, adoro ficar com ela, conversar com ela... Nosso namoro tava numa fase muito legal, mas simplesmente... parou; ficou estagnado, congelado... e eu estou muito frustrado com isso tudo.

- Certo, Diego, muito bom, tem que botar pra...

(Batidas na porta)

- Pode entrar!

- Oi, com licença, eu sou Italo, ah... desculpe o atraso.

Italo era um cara alto e de óculos, nem gordo nem magro, com uma barba por fazer e um cabelo comprido e bagunçado. Usava uma calça marrom desbotada e um blusa branca com um símbolo preto estranho e a inscrição "AVALON".

- Tudo bem, Italo, escolha uma cadeira vazia e se sente. Agora eu vou querer que você se apresente, fale um pouco sobre você e diga qual é o seu problema.

- Bom, meu nome é Italo, tenho 21 anos, tou... terminando o curso de Química Industrial na Universidade. Gosto de jogar rpg, gosto de escrever, tenho inclusive um blog, o Rascunhos de uma Mente, mas...

- Ei! é você! - gritou Lenneth.

- É ele! É ele! - disseram os demais.

- Eu o quê? - perguntou Italo preocupado.

- Você é o culpado por nossa sina, milorde. Eu tenho uma missão importante e você está me impedindo de cumpri-la. Farei com que vós continueis a escrever nossas histórias, ainda que para convencê-lo precise usar minha espada sagrada.

- E o meu arco! - esbravejou Hansi.

- E o meu punhal! - gritou Lenneth.

- E a minha espada larga+1! - Elisha.

- E o meu mp4 (que está cheio de música emo)! - Diego

- N-na-não, esperem, eu...

CRASH! POF! TRUSH! KABOF! KATABROK! PEI! POW! TISH! PATAF! PREK!


*****

Pois é, pessoal, o Rascunhos completa 3 anos hoje. Eu fico muito satisfeito de ter estado sempre postando durante esse tempo; já fiquei mais de mês sem publicar nada, mas nunca cheguei a realmente abandonar o blog, como é tão comum acontecer hoje em dia. Vez por outra, me pego relendo textos antigos e é legal perceber como eles se encaixam na situação que eu estava vivendo na época.

Personagens interessantes foram criados e/ou desenvolvidos aqui e eu espero continuar escrevendo as histórias deles (menos a desse tal de Diego, que não me faz a menor falta =P). Além de continuar inventando diálogos, poemas e tosqueiras aleatórias: todo tipo de rascunho que pode sair de uma mente insana.

Valeu, pessoal! Fiquem à vontade, pois a casa também é de vocês.


*****

Apertaram a campainha e eu fui me arrastando para atender a porta. Com a perna esquerda e o braço direito engessados, ficava difícil se deslocar; claro que um olho inchado e hematomas distribuídos pelo resto do corpo também não ajudavam.

Abri a porta.

- Senhor Italo?

- S-sim?

- Eu sou o representante do Sindicato dos Poemas e estou aqui, em nome de todos, para reivindicar um reajuste na quantidade de poemas publicados no Rascunhos de uma Mente. Está claro que nos últimos meses tem havido um boicote à categoria e...

BLAM!

- Cotas para poemas? Era só o que me faltava...

2 de set. de 2007

O Tesouro de Throm-Rhel - Parte Um

Era fim de tarde. O sol buscava o seu abrigo nas entranhas da terra no ocidente distante. Na direção oposta, cavalgavam três companheiros, o semblante escuro deles contrastava com o tom alaranjado do pôr-do-sol.

- Diga-me, Snick: De onde vem esse seu nome Dedos-Leves? - Cristoph perguntou de repente, rompendo o longo silêncio que havia entre os três viajantes.

A pergunta pegou Snick despreparado. Tamanha foi sua surpresa que instintivamente ele freou sua montaria.

- Er... eu venho de uma renomada família de alfaiates. Muito talentosos por sinal. Meus antepassados já fizeram roupas até para a Família Real. Foi o tio do meu tio que fez a mortalha do falecido Rei Theodoric Décimo Sexto - que os deuses o tenham - e a minha avó costurou as primeiras meias que o nosso digníssimo rei calçou quando veio ao mundo. Pode perguntar a ele: Robber e Stelphie Dedos-Leves, talvez ele se lembre.

- Nossa, - exclamou Cristoph admirado - sua família parece mesmo talentosa no que faz. Por que você não seguiu o legado?

- Porque... digamos que eu não tenha herdado esse talento. - justificou Snick.

- Rapazes, odeio interromper a conversa de vocês, mas a noite está nos alcançando e precisamos arranjar um lugar para acampar. - alertou Eeria.

- Tem razão, milady - concordou Cristoph - as estradas não são seguras à noite.

Demorou pouco para eles arranjarem um lugar para descansar. Próximo a uma pequena colina não muito longe da estrada. Eles arrancaram galhos das árvores retorcidas que cresciam na região e fizeram uma fogueira. Amarraram os cavalos e depois dormiram em seus sacos de dormir, exceto o cavaleiro. Ele se dispôs a permanecer acordado e manter-se vigilante, os companheiros aceitaram de bom grado.

Cristoph, então, pois-se a remoer em pensamentos. Ele tinha uma missão importante a cumprir e não lhe agradava o fato de estar se desviando de seu curso. No entanto, a menção da espada lendária que repousava no tesouro de Throm-Rhel não podia ser ignorada. O cavaleiro não acreditava em coincidências: os deuses haviam traçado esse caminho para ele, era seu destino empunhar a lâmina sagrada.

De repente, um barulho veio de um arbusto próximo, despertando Cristoph de seus pensamentos. Instintivamente pegou sua espada e esgueirou-se cautelosamente em direção ao local. O que poderia ser? Um lobo? Um bandido? Um monstro? Um...

- ...Eeria!? - exclamou Cristoph surpreso ao vê-la sair de trás da vegetação.

- Claro que sou eu! Você tava me espionando?

- N-não, milady, claro que não. Não imaginava que fosse você. Mas o que você está fazendo aí?

- Ora, será que uma dama não tem direito a um pouco de privacidade? - retorquiu a mulher aborrecida.

Cristoph, envergonhado, esperou alguns minutos antes de voltar ao acampamento. Ao chegar, encontrou Eeria deitada no chão ao lado da fogueira. Estava de olhos abertos olhando para o céu.

- O que estás a observar, milady? - perguntou Cristoph.

- As estrelas. Venha, deixe-me mostrá-las. - disse Eeria fazendo o cavaleiro deitar-se ao seu lado. - Essa é a constelação do grifo, e essa é a da espada flamejante e essa...

E assim a feiticeira foi mostrando ao cavaleiro várias constelações. E cada vez que ela apontava para as estrelas, Cristoph conseguia ver a gravura correspondente a cada constelação quase como se os dedos de Eeria fossem pincéis mágico a pintar a grande tela que era o céu da noite.

- É mesmo uma bela visão, milady. Não é à toa que você gosta de observá-las. - comentou o cavaleiro.

- Não vejo as estrelas apenas por sua beleza, Cristoph. Os sábios dizem que o céu é como um enorme tomo onde os próprios deuses escrevem conhecimentos de imenso poder. Existem muitos tipos de estrelas e elas são um espécie de alfabeto que só os deuses entendem. No céu, estão escritos grandes segredos do passado e do futuro. Aquele que um dia conseguir decifrar o significado de cada estrela alcançará uma sabedoria inimaginável para um...

Eeria, então, percebeu que o cavaleiro tinha adormecido. Um filete de baba escorria de sua boca aberta.

- Que belo guarda-costas fomos arranjar! - exclamou Eeria pondo-se de pé.

A feiticeira, de repente, parou e ponderou sobre a ambiguidade de suas palavras. Passou o resto da noite de vigília e vez por outra se pegava observando os cabelos loiros do cavaleiro brilhando à luz do fogo.

E a noite se passou sem que nenhum mal se abatesse sobre eles, ou pelo menos assim eles achavam...



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* a continuação da história de Cristoph, o Cavaleiro sem-nada-na-cabeça

* ainda não é nesse post que tem sangue e porrada =\

* eu gostaria de estar postando com mais frequência, mas não tá dando não, peço paciência.

* detalhe: Eeria acordou e saiu do acampamento e Cristoph nem percebeu! =P

30 de jul. de 2007

Estadia em Faruel - Parte Dois

- Eu... suponho que você esteja certo. Não foi minha intenção ofendê-lo, senhor Snick. Aceite minhas desculpas.

- Desculpas aceitas.

- Eu sou Cristoph, sou um cavaleiro e estou em uma importante missão à serviço de Vossa Majestade: devo navegar pelo Rio dos Mortos e chegar ao Vale das Almas Perdidas para confrontar...

- Hmmm... um cavaleiro obstinado! Exatamente o tipo de idio... cof! ...de herói que estávamos precisando.

- O que você disse?

- Estava apenas pensando alto. Venha, quero lhe apresentar alguém.

O jovem rapaz guiou Cristoph até uma pequena mesa num canto da taverna. Então, em um tom formal, disse:

- Conheça minha parceira, Eeria.

A mulher sentada na mesa tinha um olhar distante e um jeito distraído. Trajava vestes longas que pareciam de boa qualidade, mas em alguns pontos o tecido parecia descosturado ou mesmo carbonizado. Seus longos cabelos cor de palha estavam impecavelmente dispostos como os ramos de uma samambaia após um intenso vendaval.

Cristoph - no entanto - não reparara em nada disso, havia alguma coisa intrigante naquela mulher, algo que prendia-lhe a atenção, mas ele não sabia o que era. Ela tinha alguma coisa sutil que evocava respeito. Ele sentiu como se parte da personalidade dela se projetasse para fora de seu corpo formando um par de orbes mágicas parcialmente ocultas por véus de couro e algodão.

- Opa, aqui em cima! - Snick chamou a atenção de Cristoph, estalando os dedos na altura do rosto da companheira.

- Snick? Quem... é seu amigo? - perguntou a mulher, finalmente percebendo o mundo à sua volta.

- Cristoph, Eeria. Eeria, Cristoph. - apresentou Snick informalmente sentando-se numa cadeira.

- É um prazer conhecê-la, milady. - falou cordialmente o cavaleiro dando um leve beijo na mão da mulher.

- Cuidado, cavaleiro - provocou Snick -, Eeria é uma feiticeira de considerável poder, você não vai querer ofendê-la, vai?

- Eu... não quis ser desrespeituoso. Vocês devem ser...

- ... Parceiros profissionais! - respondeu Snick - Somos caçadores de tesouros.

Eeria confirmou balançando a cabeça.

- Me parece uma profissão perigosa.

- Sem dúvida. - confirmou Snick - Mas, como dizia meu sábio tio: "Grandes riscos trazem grandes recompensas". Nosso próximo alvo é uma ruína não muito longe de Faruel. Eeria, você pode contar com mais detalhes.

- Antes de Lândia ter se tornado um reino unificado - começou a feiticeira -, esta região era dominada por vários clãs de bárbaros. Conta-se que um desses clãs era comandado por um cruel e terrível xamã: Throm-Rhel. Através de seu imenso poder mágico, ele podia lançar pragas nas plantações, convocar grandes tempestades e invocar criaturas monstruosas para lutar ao seu lado. Ele provocou guerras contras as outras tribos, destruiu pequenas cidades que começavam a se formar na região, foi responsável pela morte de milhares de homens e mulheres. Eventualmente, seus inimigos puseram as diferenças de lado e se aliaram contra o xamã. Throm-Rhel e seus homens não puderam combater todos eles.

- Pois é - interrompeu Snick -, o xamã maligno morreu. Mas, durante as décadas de conquistas, ele acumulou muitas riquezas - inclusive objetos mágicos. As lendas dizem que ele teria construído uma cripta secreta onde teria escondido todo o seu tesouro. E acontece, meu amigo, que o Dedos-Leves aqui teve a oportunidade de pôr as mãos num mapa que mostra exatamente a localização da cripta.

- Bem, essa é uma história fascinante, sem dúvida. Mas, por que vocês estão me contando tudo isso? - perguntou Cristoph ingênuo.

Snick respirou fundo e falou:

- Essa ruína sem dúvida é cheia de armadilhas, proteções mágicas e guardiões. Bom, eu... tinha um tio que era caçador, sabe? E ele... me ensinou como evitar armadilhas, enfim, armadilhas não serão problema! Eeria é uma feiticeira competente, saberá como lidar com as proteções mágicas (eu espero). Quanto aos guardiões... seria necessário alguém habilidoso com uma espada, um sujeito forte e corajoso. Quem sabe um cavaleiro em uma armadura brilhante?

- Ah, entendi aonde você quer chegar. Vocês vão atrás do tal tesouro, mas não podem superar todos os perigos sozinhos. E precisam de alguém para lidar com os guardiões. Alguém com uma armadura brilhante... como a minha. Espere! Vocês estão sugerindo que eu vá com vocês!?

- Exato, meu amigo! Você pega as coisas rápido, hein? E, antes que pergunte, eu lhe digo que vamos repartir o tesouro em frações minuciosamente justas.

- Receio que eu não possa acompanhá-los. - falou o cavaleiro levantando-se da mesa - Eu não almejo riquezas. Tenho uma missão importante e nada pode me desviar do meu caminho. Boa sorte em suas aventuras, foi um prazer conhecê-los. - despediu-se Cristoph virando-se de costas e se afastando da mesa.

- Eeria, eu mencionei que no tesouro de Throm-Rhel está incluída uma espada sagrada? Uma arma lendária que dizem ter sido forjada pelos deuses no início dos tempos e que só um homem nobre e justo é capaz de empunhá-la?

Cristoph estancou o passo. Demorou alguns instantes parado e então virou-se dizendo:

- Eu... estive pensando, talvez...

- Prepare suas coisas, amigo. Partiremos amanhã ao nascer do sol.


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* Allana, valeu pelo comentário. Eu concordo com você, a primeira parte realmente não parece chegar a lugar algum. Na verdade, eu não tinha planejado fazer em duas partes, mas aí vi que ficaria um texto imenso, achei que ficaria inviável colocá-lo de uma só vez. Eu pensei e pensei em um modo de escrever a primeira parte de modo a concluir alguma idéia, mas não consegui. Foi falta de perícia mesmo.

* Quanto ao concurso, eu não escrevi o texto "pro membrana", escrevi pro rascunhos mesmo. Não nego que a vontade de participar do concurso - e ganhar seus maravilhosos prêmios xD - me motivou, mas meu objetivo principal era desenvolver o personagem - mais ou menos acatando um conselho que dudu me deu long time ago -, e não vencer o concurso. ^^

* Brigado mesmo pelo "toque". Conselhos como esse vão me ajudar a um dia escrever meus livros e ganhar milhões, milhões. Mwahuahahahaha.

* E mais uma vez, para o desnaturado do meu irmão: Parabeeens, mizera!!!

29 de jul. de 2007

Estadia em Faruel - Parte Um

Cristoph levantou-se cedo naquela manhã. Chegara a Faruel na noite anterior após uma viagem longa e difícil, mas sua jornada ainda não tivera um fim. Ele precisava descansar, por isso alugara um quarto naquela estalagem. Uma noite de sono o faria recobrar as energias necessárias para continuar o seu caminho.

Ele já era acostumado a acordar muito cedo, a cozinheira da estalagem sem dúvida estaria dormindo ainda, o cavaleiro precisaria aguardar para fazer seu dejejum. Ele soube logo como aproveitar esse tempo "ocioso". Abriu o armário do quarto e retirou sua armadura. Muito mais do que pesadas peças de aço, ela foi sua única companheira durante muitos dias. Quanta coisa haviam enfrentado juntos: chuva, vento, poeira, sol, lama. Ela já não parecia tão imponente quanto antes, mas o cavaleiro daria um jeito - a qualquer custo.

Como todos ainda estavam dormindo, ele sentiu-se mal por não ter pedido permissão à estalajadeira. Mas não restava-lhe outra escolha, um cavaleiro não podia andar com uma armadura naquele estado. Tomando emprestado um balde, um esfregão, algumas vassouras e um espanador, ele dedicou-se ao árduo labor.

Utilizou todas as forças de que dispunha para remover as nefastas manchas que corrompiam a face metálica de sua companheira. De tempos em tempos, sua testa cobria-se de suor e o cavaleiro a enxugava com a coberta da cama. E quando suas forças ameaçaram abandonar-lhe, ele suplicou aos deuses que o libertassem da fadiga para que pudesse terminar sua nobre tarefa. Os deuses o atenderam. O homem não descansou até a armadura refletir intensamente o brilho do sol nascente.

O cavaleiro tomou cada peça quase com um afago e vestiu-se cerimonialmente. Ela resplandecia mais bela do que nunca. Dirigiu-se à sacada do quarto e contemplou a pequena cidade que acordava com o sol da manhã. Os pássaros piavam e voavam felizes lá fora, pareciam reconhecer que um guerreiro abençoado pelos deuses estava diante deles. Possivelmente emocionada diante dessa figura exaltada, uma ave que voava próxima teve seu intestino afrouxado e eliminou uma quantidade generosa de escremento. O projétil caiu rapidamente atingindo um ombro de armadura. Foram mais duas horas de labor intenso...

Após o dejejum, Cristoph rumou à taverna da cidade. Buscava informações sobre a próxima etapa de sua jornada e este seria o lugar mais adequado para obtê-las. Havia muitas pessoas na rua, Faruel já estava acordada àquela altura. Desconhecendo o local, o cavaleiro pedira direções a um garoto apressado e mal vestido que acabara de esbarrar nele. O humilde rapaz generosamente apontou a direção da taverna. Seguindo suas instruções, o nobre cavaleiro logo chegou a um largo prédio com uma entrada de porta dupla. O lugar exalava um inegável cheiro de cerveja.

Antes de entrar, Cristoph presenciou uma cena impressionante. As portas do lugar se abriram violentamente e um homem foi arremessado para fora, percorrendo uma longa distância no ar até cair de cara no chão da rua. O responsável pelo arremesso foi um indivíduo truculento que vestia um avental muito sujo. Ele esfregou as mãos - num inconfundível gesto de trabalho recém terminado - e voltou para dentro.

Havia pouca gente na taverna. Elas bebiam e conversavam animadamente. Mas quando o estranho homem entrou, quase todas as mesas silenciaram. As pessoas, então, passaram a lançar olhares inquisitivos para o indivíduo esquisito que usava uma armadura de placas excessivamente polida. Um pequeno homem - em particular - observava o recém-chegado com bastante interesse.

Confiante de que sua aparência causara uma boa impressão às pessoas do local, Cristoph foi direto ao balcão. Dirigiu-se ao enorme homem do outro lado em voz alta e em tom exaltado:

- Nobre taverneiro, em nome de Vossa Majestade, o Nobilíssimo Rei Theodoric Décimo Sétimo, solicito que me forneça uma fração mínima de vosso vasto conhecimento para que possa me guiar em minha jor...

Cristoph demorou para notar que o homem lançava um olhar de poucos amigos para ele. Na verdade, um terrível dragão prestes a cuspir jatos de fogo pareceria mais amistoso do que aquele taverneiro. Receoso de que pudesse ofender o nobre homem, o cavaleiro ajustou sua voz a um tom mais ameno - quase infantil:

- Não, assim... er... se não for incomodar, sabe, o senhor não poderia me ajudar...? Não precisa ser agooora, tou vendo que a taverna tá muito cheia... É porque eu sou um cavaleiro e estou numa missão realmente importante, não que ser taverneiro também não seja importante, é só que...

- Você vai beber alguma coisa, ou não vai? - perguntou o imenso homem lançando um olhar penetrante.

- Beber? A-ah, sim, claro. Vou beber. Eu quero uma... uma... como se chama mesmo? Uma cê... veja!

Em poucos segundos, o taverneiro depositou violentamente uma caneca espumante sobre o balcão - o que fez a superfície de madeira oscilar por alguns instantes.

- São duas pratas.

- Ah, sim, claro... Onde foi que eu botei meu saco de moedas...? Tenho certeza de que prendi ao meu cinto antes de sair da estalagem... Será que eu fui rou...

O impaciente taverneiro já estava cerrando os punhos quando uma pequena mão apareceu entre os dois, deixando três moedas em cima do balcão.

- Perdoe o meu amigo, ele é um pouco esquecido. - começou a falar um homem jovem de cabelos encaracolados - Eu pago a bebida dele: duas moedas pela cerveja e mais uma pelo incômodo. - concluiu o rapaz com um sorriso jovial.

- Ah, desculpe, mas eu não posso aceitar. Eu nem conheço...

- Eu sou Snick Dedos-Leves - falou o rapaz fazendo uma reverência. - E o senhor?

- Eu... não sei se posso confiar em você.

O rapaz respondeu com firmeza:

- Ouça, amigo: se você não pode confiar em quem paga a sua bebida, então não pode confiar em ninguém.


[Continua]


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*Esse conto é o segundo sobre Cristoph, o cavaleiro . Quero dedicá-lo ao mizera do meu irmão que está aniversariando nesta segunda-feira.
*Parabéns, mizera!
*Confiram a primeira parte da história aqui.
*Bom, agora Cristoph já é um personagem oficial do Rascunhos igualando a marca de Hansi e Elisha, com dois posts cada. xD. Espero que eu consiga estar sempre escrevendo sobre cada um deles.

28 de mar. de 2006

Conto Épico

Lândia sempre foi um reino civilizado e pacífico desde sua fundação, lar de homens honestos e livres. Mas de meses para cá, a região conhecida como Planície do Amanhecer vem sendo atormentada por ataques repentinos. O responsável por esses ataques foi identificado como sendo um perverso feiticeiro chamado Zeider. Além de causar destruição nas vilas atingidas, o bruxo tomou vários aldeões como prisioneiros para usar em seus experimentos malignos.

Decidido a acabar com essa ameaça de uma vez por todas, o rei Theodoric fez uma Convocação. Clamou por um herói: um campeão com força e coragem suficientes para libertar o seu povo deste mal. A convocação do rei foi atendida por um jovem cavaleiro. Um homem de grande nobreza e bravura, um guerreiro abençoado pelos deuses e devotado à causa da justiça, um verdadeiro herói. Seu nome: Cristoph.

Após aceitar a missão, Cristoph partiu rumo ao covil do vilão. Viajou por muitos dias. Enfrentou chuva e sol. Atravessou riachos, bosques e pântanos. Dormiu ao relento. Sentiu frio, calor e fome. Ficou doente. Até alguns dias, contava com a ajuda de sua montaria, seu cavalo, seu companheiro e aliado. Mas na última etapa desta jornada, Cristoph teve que atravessar colinas e escalar montanhas: precisou despedir-se do amigo.

Agora, sua busca está próxima do fim. Uma larga porta de madeira enegrecida é a única coisa entre o herói e o seu destino. Cristoph desembainha sua espada, deixando-a pronta para romper o peito do adversário, e atravessa a porta com convicção.

Prepare-se, malfeitor, seu reinado de medo está acabado! Minha lâmina selará o seu destino.

O cavaleiro se vê no interior de um imenso aposento escavado na pedra. Estantes e mais estantes de livros estão recostadas às paredes. Frascos de vidro exibem poções coloridas sobre uma mesa. Algumas pessoas estão amarradas em cordas, penduradas poucos metros acima de um largo poço. Um líquido vermelho viscoso borbulha pouco abaixo delas. Próximo à "margem" do poço há um homem alto, levemente curvado, vestindo longas vestes negras, um capuz encobre o seu rosto.

O que está acontecendo aqui? Quem ousa me interromper? - esbraveja o homem de preto.

Meu nome é Cristoph. Eu sei de seus crimes, Zeider, e estou aqui para puni-lo.

Zeider? Meu nome não é Zeider!

Não? Pensando bem... você não parece com a descrição que me deram... E essas pessoas amarradas, não são os camponeses desaparecidos da Planície do Amanhecer?

Esses aqui? Não, não. São apenas aldeões que eu capturei de uma vila próxima. Sabe como é, para oferecer em sacrifício para o meu deus maligno.

Eu não entendo. Este lugar não deveria ser o esconderijo de Zeider, o diabólico bruxo que se esconde no Pico do Medo?

Aaah... Acho que sei o que está acontecendo, houve um pequeno engano aqui. Este não é o Pico do Medo, é o Pico do Desespero. Esse Zeider que você falou, eu sei quem é e ele realmene mora no Pico do Medo, mas não é aqui.

O senhor saberia me dizer como chegar lá?

Claro. Não tem como errar: você atravessa a Floresta dos Espinhos Negros, depois navega pelo Rio dos Mortos até chegar ao Vale das Almas Perdidas. Na montanha mais alta fica o Pico do Medo, o covil do Zeider é uma caverna cuja entrada parece uma enorme boca de dragão cheia de dentes e tudo mais.

Aaah... tá, muito obrigado pela ajuda, senhor.

Tome, leve um mapa para ajudá-lo.

Muito gentil de sua parte, mais uma vez, obrigado. E desculpe-me por ter interrompido o seu ritual...

Sem problemas. Mande lembranças minhas para o velho Zeider.


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Sempre quis escreve algo épico. Um dia eu consigo. ^^

PS1: Allana, não sei porque mas achei sua cara...

PS2: Eu demoro, mas escrevo.