Mostrando postagens com marcador Elisha. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Elisha. Mostrar todas as postagens

2 de out. de 2008

3 anos é muito tempo

- Olá, pessoal. Boa Tarde.

- Boa tarde, milady. - respondeu um homem louro trajando uma armadura brilhante.

- Será que o senhor Cristoph foi o único que me ouviu? Eu disse BOA TARDE!

- Boa tarde. - veio a resposta de várias vozes num tom monótono.

- Agora está melhor. Pessoal, todos aqui tem algum problema: algum medo, alguma angústia, alguma frustração. Nós estamos aqui reunidos para, juntos, colocarmos essas coisas que nos fazem mal para fora. Eu estou com o nome de vocês anotados aqui, cada um que eu chamar vai se apresentar e contar aos demais o seu problema. Elisha, pode começar.

Elisha era uma mulher alta e forte, de pele escura e longos cabelos brancos, algumas cicatrizes formavam as únicas falhas em seu rosto esbelto. No chão, ao lado de sua cadeira, repousava uma imensa espada. Ela respirou fundo e começou a falar:

- Bem, meu nome é Elisha e...

- Por que a drow é a primeira a falar? - retorquiu o meio-elfo.

Hansi era um homem de trajes e modos rústicos, mas trazia também a graça dos elfos; possuía uma pele bronzeada e cabelos curtos de um tom levemente esverdeado. Vestia-se com uma roupa de couro maltratada e carregava consigo um grande arco de caça.

- Deixe a dama falar. - intrometeu-se Cristoph.

- Ela não tem nada de dama. - completou o meio-elfo.

- Ora, seu...

- Pessoal! Pessoal! Calma, calma, vamos nos acalmar. Cada um vai ter sua chance de falar. Elisha, por favor, continue.

- Bom, eu sou Elisha, como todos já sabem. Eu sou, sim, uma meio-drow. Minha mãe era humana e nós vivemos longos anos como escravas na cidade drow de Menzoberranzan. Depois que ela morreu, eu só queria fugir daquele inferno e quando a oportunidade surgiu, foi isso o que fiz. Eu me lembro de correr desesperadamente pelos túneis de Underdark, mas houve uma hora em que tudo ficou escuro. Depois disso, a única coisa de que me lembro é de estar numa floresta chorando e prometendo vingança... e mais nada. É como se parte do meu passado... não tivesse sido escrita.

- Muito bem, Elisha, obrigada. Er.... Cristoph, você é o próximo.

Cristoph era um homem alto e de ar nobre, de pele clara e cabelos loiros. Trajava uma armadura de placas brilhante que parecia não deixar qualquer parte de seu corpo desprotegida.

- Meu nome é Cristoph, sou um cavaleiro de Lândia e estou numa missão importante a serviço do Nobilíssimo Rei Theodoric XVII. Devo encontrar um perverso feiticeiro chamado Zeider e fazê-lo parar de praticar suas maldades. Recentemente encontrei alguns aliados, que talvez possam me ajudar em minha missão, mas eu não consigo prosseguir em minha jornada. É como se a mão do destino tivesse simplesmente parado de escrever minha história.

- Certo, Cristoph, obrigada por seu testemunho. Hansi?

- Sou Hansi, devoto de Mielikki e patrulheiro da Floresta do Amanhecer. Tenho um cachorro e amigo leal chamado Rynlon e odeio orcs. Adennon, o líder dos patrulheiros, mandou que eu vigiasse a ala ocidental da floresta. Mas até agora não pude atender ao seu chamado, porque um certo escriba acomodado parou de escrever minhas histórias. Aparentemente, ele preferiu ficar falando sobre esse maníaco psicopata aí.

- Cale-se, elfo. Mais uma palavra e eu serei obrigado a cortar a sua garganta quando você estiver dormindo. - ameaçou Lenneth.

- Calma, pessoal, calma. Todos aqui temos nossos problemas e estamos aqui para tentar resolvê-los juntos, certo? Certo, agora que Hansi já falou... Lenneth, pode começar.

Lenneth usava roupas escuras e leves, não era nem alto nem forte, mas possuía um olhar astuto e frio. Estava sempre observando o ambiente ao seu redor, como se não quisesse deixar nenhum detalhe escapar.

- Meu nome é Lenneth e a morte é meu ofício, ou pelo menos era. Por vários anos atuei como um assassino de aluguel: matava por dinheiro, mas sentia verdadeiro prazer em fazê-lo. Até o dia em que o destino cuspiu em mim. O meu último contrato foi para matar uma certa mulher que, após eu terminar o serviço, descobri se tratar de minha própria irmã. Amargurado, eu planejei tirar minha própria vida, mas circunstâncias inusitadas atrapalharam meus planos. Acabei lutando para salvar uma mulher e em seguida tombando de exaustão. Se eu vou acordar no inferno ou terei uma chance de me redimir, eu não sei, e essa espera só me deixa mais angustiado.

- Obrigado, Lenneth. Vamos ver quem ainda não falou... Diego, sua vez.

- Diego!?!? - exclamaram os demais em uníssono.

- Quem diabos é Diego? - perguntou Lenneth.

- Sou eu. - respondeu um rapaz sentado no canto da sala.

Diego era um rapaz de estatura média, cabelo castanho curto e meia dúzia de espinhas no rosto. Usava uma calça jeans azul e uma camisa polo preta.

- Esse fedelho é o tal de Diego? - zombou Elisha.

- Fica na tua, orelhuda, eu sou mais velho que vocês tudinho.

(Silêncio)

- Tá bom, pessoal, vamos deixar o Diego falar. Por favor, Diego.

- Bom, como vocês já sabem, eu sou o Diego, eu tenho 19 anos e acabei de entrar na faculdade de engenharia. Eu gosto de namorar, falar no MSN (e não no telefone), ir ao cinema, encontrar meus amigos, ir na casa da minha namorada... Nossa, a Marcela é uma menina maravilhosa, eu adoro ela, adoro ficar com ela, conversar com ela... Nosso namoro tava numa fase muito legal, mas simplesmente... parou; ficou estagnado, congelado... e eu estou muito frustrado com isso tudo.

- Certo, Diego, muito bom, tem que botar pra...

(Batidas na porta)

- Pode entrar!

- Oi, com licença, eu sou Italo, ah... desculpe o atraso.

Italo era um cara alto e de óculos, nem gordo nem magro, com uma barba por fazer e um cabelo comprido e bagunçado. Usava uma calça marrom desbotada e um blusa branca com um símbolo preto estranho e a inscrição "AVALON".

- Tudo bem, Italo, escolha uma cadeira vazia e se sente. Agora eu vou querer que você se apresente, fale um pouco sobre você e diga qual é o seu problema.

- Bom, meu nome é Italo, tenho 21 anos, tou... terminando o curso de Química Industrial na Universidade. Gosto de jogar rpg, gosto de escrever, tenho inclusive um blog, o Rascunhos de uma Mente, mas...

- Ei! é você! - gritou Lenneth.

- É ele! É ele! - disseram os demais.

- Eu o quê? - perguntou Italo preocupado.

- Você é o culpado por nossa sina, milorde. Eu tenho uma missão importante e você está me impedindo de cumpri-la. Farei com que vós continueis a escrever nossas histórias, ainda que para convencê-lo precise usar minha espada sagrada.

- E o meu arco! - esbravejou Hansi.

- E o meu punhal! - gritou Lenneth.

- E a minha espada larga+1! - Elisha.

- E o meu mp4 (que está cheio de música emo)! - Diego

- N-na-não, esperem, eu...

CRASH! POF! TRUSH! KABOF! KATABROK! PEI! POW! TISH! PATAF! PREK!


*****

Pois é, pessoal, o Rascunhos completa 3 anos hoje. Eu fico muito satisfeito de ter estado sempre postando durante esse tempo; já fiquei mais de mês sem publicar nada, mas nunca cheguei a realmente abandonar o blog, como é tão comum acontecer hoje em dia. Vez por outra, me pego relendo textos antigos e é legal perceber como eles se encaixam na situação que eu estava vivendo na época.

Personagens interessantes foram criados e/ou desenvolvidos aqui e eu espero continuar escrevendo as histórias deles (menos a desse tal de Diego, que não me faz a menor falta =P). Além de continuar inventando diálogos, poemas e tosqueiras aleatórias: todo tipo de rascunho que pode sair de uma mente insana.

Valeu, pessoal! Fiquem à vontade, pois a casa também é de vocês.


*****

Apertaram a campainha e eu fui me arrastando para atender a porta. Com a perna esquerda e o braço direito engessados, ficava difícil se deslocar; claro que um olho inchado e hematomas distribuídos pelo resto do corpo também não ajudavam.

Abri a porta.

- Senhor Italo?

- S-sim?

- Eu sou o representante do Sindicato dos Poemas e estou aqui, em nome de todos, para reivindicar um reajuste na quantidade de poemas publicados no Rascunhos de uma Mente. Está claro que nos últimos meses tem havido um boicote à categoria e...

BLAM!

- Cotas para poemas? Era só o que me faltava...

18 de jul. de 2007

Fugindo do Inferno

Os passos ecoavam ruidosamente por longos metros. Ela sabia que o barulho poderia atrair dezenas de ameaças naqueles túneis, mas nenhum perigo poderia ser maior do que aquele do qual estava fugindo. Fazia horas que corria sem parar. A fadiga ameaçara roubar-lhe a consciência mais de uma vez, mas ela resistira até aquele instante.

As passadas pararam abruptamente. A fugitiva encontrara uma pequena gruta, havia alguma água lá dentro. Bebeu um pouco, mas ela logo foi tomada pelo cansaço. Engolido pela escuridão, seu corpo caiu sem consciência na rocha fria, restando apenas um silêncio mortal. Não verificou se a água era envenenada ou se o lugar era seguro. Mas não faria diferença: não há lugar seguro em Underdark.

Sob a superfície, existe uma imensa rede túneis que se estende indefinidamente. Preenchida por sombras mais escuras que a noite. Neste lugar - onde a escuridão é quase tangível -, o perigo espreita em cada canto. Isto é Underdark. Para as criaturas da superfície, este lugar pode ser o inferno sob a terra. As criaturas subterrâneas o chamam apenas de... lar.

Milhares de escravos vivem na cidade drow de Menzoberranzan . Os elfos negros da cidade costumam realizar incursões à superfície onde saqueam e matam os humanos que encontram, mas também trazem alguns prisioneiros para serem vendidos como escravos. Foi assim que a camponesa Eleen tornou-se propriedade da Casa Kenafin.

Maltratada e molestada pelo filho mais velho da Casa, ela viveu os anos mais amargos de sua vida na cidade subterrânea dos elfos negros, sua dor era suavizada apenas pelas orações que prestava ao Senhor da Manhã. Pouco mais de um ano após sua captura, ela deu a luz à meio-drow Elisha. A menina tornou-se tudo para a pobre mulher - que dedicou os próximos anos tentando fazer a vida de sua filha menos miserável do que a sua própria.

Os meio-drows não têm qualquer aceitação na sociedade dos elfos negros, são considerados inferiores assim como qualquer não-drow. Uma filha de escrava, então, não seria nada mais do que uma escrava também. Desde pequena, Elisha foi maltratada e castigada, mas demonstrou-se mais forte e resistente que uma criança normal, por isso foi mandada para trabalhos braçais ainda na infância.

Foi um milagre a garota ter sobrevivido por tantos anos - "Crianças não dão bons escravos, mas são excelentes sacrifícios" - os elfos negros costumam dizer. O amor incondicional de sua mãe foi a principal razão para ela ter se mantido viva. Mas outro motivo foi o interesse que o filho mais novo da Casa Kenafin tinha pela menina. Ele não se importava nem um pouco com ela, ao contrário, era um garoto cruel que se deliciava em maltratar a "cadela mestiça". Essa fixação fez o menino intervir mais de uma vez para que ela não fosse descartada.

Quando sua mãe morreu, Elisha ainda não era adulta, mas também não era mais uma criança. Ela perdera a única coisa boa de sua vida, a única coisa boa naquele lugar amaldiçoado. Já havia decidido: fugiria de qualquer maneira. A oportunidade veio durante uma batalha entre Casas.

São muito comuns os conflitos entre Casas Nobres de Menzoberranzan. Elas conspiram e destroem umas às outras para conseguir o favor de Lolth - a impiedosa deusa Aranha. Embora Casas rivais possam passar anos na expectativa de um embate, as batalhas propriamente ditas costumam durar pouco. Quando o palácio da Casa Kenafin foi atacado pela Casa Vandree, Elisha viu sua chance de fuga.

Um feitiço lançado por magos da Casa Vandree resultou num explosão mágica que destruiu parte da estrutura onde os escravos eram mantidos. Quando viu o imenso buraco na parede, a meio-drow não pensou duas vezes: fugiu o mais rápido que pôde - aproveitando-se do caos causado pela batalha. Sua herança drow ajudou a disfarçar sua condição de escrava fugitiva - permitindo-lhe chegar até os portões da cidade. Mas ela percebeu que estava sendo seguida - e então, correu como nunca havia corrido em toda sua vida...


_____________________________________


*E eis a origem de Elisha. Eu, particularmente, não apreciei muito esse texto. Ele parece mais um relato do que um texto literário. Está pouco épico para o meu gosto. Mas, eu precisava documentar a história dela. E, bem, ainda há muito mais a ser escrito.

*Passei bem uns 20 dias só tentando bolar um título legal para esse texto. Na falta de algo melhor, vai esse mesmo. Thiago, sem piadas infames sobre o título, ok?

*Mais sobre Lolth e os drows vocês podem ler aqui.

*Mais sobre Elisha vocês podem ler aqui.

18 de dez. de 2006

A promessa da N´Tel´Quess

Era noite alta quando Elisha se ajoelhou diante de uma árvore pálida numa mata do norte. Uma brisa fria soprava do leste, fazendo as folhas farfalharem. Apoiada firmemente em sua espada, ela fechou os olhos e começou a murmurar para a noite.

É a ti que me dirijo nessa hora, mãe. Perdoe-me se nunca aprendi a rezar ao Senhor da Manhã. É difícil ter essa fé quando se vive num mundo sem sol. É a ti que rezo, minha mãe. Mesmo eu sendo o fruto da mais amarga lembrança, me criaste com todo amor e todas as lágrimas que só uma mãe de verdade pode dar. A ti, minha mãe, agradeço. A ti, minha mãe, eu oro. A ti, minha mãe, minha deusa.

Perdi a ti, perdi Johan, perdi toda família que um dia já tive e perdi o mais próximo que já tive de um lar. Dá-me forças para resistir, dá-me forças para sobreviver e dá-me forças para... me vingar. Pois prometo que vingarei tua morte e a de Johan. Minha lâmina se banhará no sangue dos culpados, nem que minha própria vida se perca para que eu cumpra essa promessa.


Uma lágrima ardente desceu pelo rosto da jovem enquanto ela se colocava de pé. O vento esvoaçava seus cabelos brancos quando ela começou a andar pela floresta. Caminhava sem povo, sem lar e sem deus rumo ao seu destino...

______________________________________________________


Os elfos referem-se a si mesmos como TelQuessir, o que significa "povo". Os não-elfos são considerados N´Tel´Quess, ou "não-pessoas". Eles tratam os N´Tel´Quess com respeito, como se fossem um hóspede incômodo. Já os drows consideram todos que não façam parte de sua própria raça como N´Tel´Quess, incluindo as outras sub-raças élficas, assassinando ou escravizando todos aqueles que pertencem a este grupo.

______________________________________________________

*Apresento-lhes Elisha, a meio-drow, personagem que tá na gaveta a um tempão,
mas existem rumores que ela vai se libertar em breve... =D
*Perdoem o vocabulário limitado dela, ok? Ela é uma guerreira.

PS: Pra quem usar o termo "café com leite" vai ter retaliação em Star Wars...