26 de fev. de 2006

Orações ao meu amor

Amo-lhe
Mas não a amo
Não posso amá-la
Não diretamente
Apenas nos meus desejos e sonhos
Ela torna-se meu objeto de amor
Amo-lhe indiretamente

Amo-te de todos os modos
Amo-te sem-modos
Amo-te com certeza
Na dúvida, te amo
Amo-te no sim e no não
No bem e no mal
Hoje e amanhã
Aqui e acolá
Talvez, por acaso, quiçá

Meu amor é circunstancial, atemporal, paradoxal

A este amor estou subordinado
Sou passivo deste amar
Apenas um sujeito tratado como objeto
Apenas um agente para apassivar

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*Fazia "séculos" que não escrevia um poema...
**e "meses" que não escrevia coisa alguma hehehehe

2 de fev. de 2006

Física e música

Bziiiiiimmm!

- Diego!
- Oi, dona Ângela, tudo bom?
- Tudo sim. Entra.
- Obrigado.
- Senta aí. Você já almoçou?
- Já sim, obrigado. Marcela tá aí?
- Tá sim. Tá tomando banho ainda.
- Ainda? É... 13h50, eu cheguei um pouco cedo...
- Ela ainda vai demorar, por que você não liga a televisão?

...

Não sou atriz, modelo ou dançarinaaa
[ - eu gosto disso]
Meu buraco é mais em cimaaa
Porque NEM toda feiticeira é corcunda
NEM toda brasileira é bunda
O meu peito não é de silicone
Sou mais macho que muito homem...
Ra ta tá, ara tá...

- Diego, aceita um docinho de goiaba?
- Aaah.. aceito sim, dona Ângela.
- Tome. Marcela tá vindo já.
- Brigado.

(25 minutos depois...)

- Oi.
- Olá.
- Demorei?
- Até que não, só faz meia hora que eu cheguei. Suponho que o ônibus tenha demorado...
- Deixa de ser chato! Pelo menos você tava assistindo televisão...
- Claaro. Não sei como eu ia aguentar se não tivesse visto meu Vídeo Show hoje...
- Afe! Dois minutos de conversa e você já consegue me deixar irritada!
- Você fica tão linda quando tá com raiva...

(A garota virou o rosto)

- ...
- Teu cabelo fica tão massa assim quando tá molhado...
- ...
- Eita! Achei um fiozinho de cabelo branco.
- Aond...?

Enquanto falava, Marcela virou o rosto de volta, apenas para encontrar os lábios de Diego prontos para recebê-la. Smaaaack!

- Trapaceiro!
- Eu me esforço. A propósito, adorei ouvir você cantando.

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- Essa eu fiz, essa eu fiz, essa era igual à outra... Essa deu errado, mas foi porque eu esqueci de transformar as unidades... Essa eu fiz, essa daqui deu um trabalho danado...
- Nossa! Você já fez muitas questões. Pra quem disse que não tava sabendo de nada...
- É porque esse assunto eu sabia que tinha que estudar! E semana passada no cursinho o professor fez um monte de exercícios sobre isso, aí eu aproveitei o embalo e fui resolver os do livro.
- Eu gosto desse assunto, hidrostática.
- Nam! Pra mim toda física é coisa pra d... É essa! Essa daqui, a 47. Essa eu não consegui fazer não.
- Como é essa questão?
- É uma de um barco troncho aí. Ele não dá a pressão, não dá o volume, só dá a gravidade e a densidade da água... Grandes coisa, esses aí eu já sei de có!
- Deixa eu dar uma olhada?
- Todo seu.
- Hum... um barco... metade do volume... uma carga de 1000kg... depois um terço do volume... Hum... Ele pede o peso do barco.
- É.
- Bom, você pode igualar os pesos com os empuxos... aí você monta um sistema...

...

- Ah, consegui! Vê aí na resposta.
- Tem a resposta?
- Tem, vê aí no final do livro, é a 47. Deu 30.000 N?
- ... Hidrostática... 47... 30.000 N!
- Aê! Acertei!

(Smaaaack!)

- E aí, vamos fazer qual agora?
- Mais nenhum. Já estudei demais.
- Achei que a gente ia passar a tarde estudando hoje...
- Não. Como professor, por hoje você está dispensado!

(O rapaz franziu a testa.)

- Mas como namorado, seu expediente começa agora!

E dizendo isso, a menina agarrou-lhe o pescoço e tascou mais um beijo.

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- Tem violão aqui na tua casa, menina?
- Tem o da minha irmã...
- Tu podia pegar pra mim?
- Não, se ela sonhar que eu toquei no violão dela, ela me estrangula!
- Tá, é porque eu aprendi umas músicas aí só pra tocar pra você...

Diego fez uma cara de cachorro pidão e Marcela não pôde resistir...

(Instantes depois)

- Aqui. Mas pelamordeDeus, cuidado!
- Relaxa.

Diego passou alguns minutos se acostumando com o instrumento e lembrando dos acordes que ia tocar. Tocou trechos de duas ou três baladas que já tinha prática e ela gostava, mas o melhor sem dúvida foi More than words. O garoto certamente não nascera para a música: às vezes esquecia como fazer determinado acorde e sua voz raramente estava no tom certo... Marcela contudo, achou lindo. Não lembrava o que a letra dizia, mas adorava a música. Ouví-la tocada por seu namorado, então, a deixou... perfeita!

Diego parou de tocar e sorriu satisfeito. Pelo brilho nos olhos dela, ele sabia que tinha agradado. Ela se derretera como manteiga, exatamente como ele previra. Repousando o violão sobre a cama da garota, ele começou falando:

- Eu sei que não canto nem toco muito bem...

Marcela mexeu-se como se fosse protestar, mas se conteve para não interrompê-lo.

- ... mas não importa, essa é apenas uma maneira que eu encontrei para dizer... que te amo!

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* meia-boca, o começo tá legal, mas não gostei muito do resto...
* pra quem ainda não sacou aquela parada da "Rejeição", aqui vai a "resposta": eu sou o rejeitador, meu blog é o rejeitado e 'Ela' é a UFPB... ;)
* quanto ao post anterior, não sei se vai ter continuação...

22 de jan. de 2006

Faz de conta que tem um título bem legal aqui

- Daniel, Daniel.
- ...
- Acorda, meu filho, vamos.
- ...
A mãe puxou a coberta de cima do filho. Ele imediatamente enterrou a cabeça de baixo do travesseiro.
- Lembra não o que a gente combinou?
- Un... rum...
- E então!? Já tá tarde! Vamos, cuide!
O rapaz tirou o aparelho celular da cabeceira da cama. Trouxe-o para seu abrigo sob o travesseiro. Viu as horas e constatou:
- ... cinco e meia ainda!
- Já está ficando tarde pra gente ir caminhar!
- Tem problema não... a gente vai outro dia...
- Não, meu filho! O que foi que a gente combinou? Você está a meses sem fazer uma atividade física, precisa se exercitar! Além do mais...
O travesseiro podia protegê-lo dos primeiros raios solares que penetravam pela janela, mas não tinha efeito algum contra sermões maternais matutinos... O garoto se rendeu:
- Tá bom, mãe, já tou me levantando...
- Ah, que bom! Já separei seu short, sua meia e seu tênis. Bote uma blusa, passe uma água no rosto, escove os dentes e venha. Tou esperando você na sala.
O rapaz levantou-se esticando os braços e bocejando. Com o corpo mole foi trocando de roupa mecanicamente. Enquanto amarrava os cadarços, murmurou para si mesmo:
- Com tanto tipo de mãe por aí... por que a minha tinha que ser logo uma fisioterapeuta com mania de exercícios?

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A Pracinha, que apesar do "inha" não tinha nada de pequena, era um lugar bem frequentado na cidade. Crianças brincavam no playground, os mais velhos jogavam dominó, os jovens namoravam... Pessoas caminhando ou correndo, ciclistas e até skatistas. O lugar era querido por todos. A prefeitura fez uma extensa reforma no ano passado, tornando a Pracinha um lugar muito bonito e agradável.
Daniel e sua mãe estavam lá, caminhando. O garoto achou ridículo repetir os alongamentos que sua mãe fazia, mas sabia que contrariá-la iniciaria outro sermão. Contudo, o que mais incomodava o rapaz era a luz do sol penetrando em seus olhos semicerrados.
Depois de meia hora caminhando, Daniel já estava cansado. Sua mãe caçoou dele e começou a correr, disparando à frente. Ele não quis ficar para trás, correu atrás dela na maior velocidade que podia.
Talvez tivesse alcançado a mãe se algo não tivesse atraído sua atenção. Sentada num banco, estava uma bela moça de longos cabelos cacheados, um diskman repousava em suas coxas e fones no ouvido. Os olhos de Daniel rapidamente foram fisgados por aquela visão. Ele a viu toda, mas o que mais chamou-lhe a atenção foi sua boca. Parecia cantar baixinho, acompanhando a música. Daniel pôde ler uma frase de seus lábios: "Take this mouth and give it a kiss".
O rosto do rapaz acompanhava a moça: começou olhando para frente, depois ao lado e a seguir para trás. O garoto esqueceu que estava correndo. Suas pernas o levavam para frente, mas sua cabeça estava voltada no sentido contrário... POFT! Daniel colidiu violentamente com uma luminária e foi direto ao chão.
Ao abrir os olhos, sua primeira visão foi aquele rosto, aquela boca. Ele achou que estava sonhando...

19 de jan. de 2006

Desvendando o Post Anterior

Respondendo à pergunta do meu amigo Anônimo: "sim, o post é autobiográfico". Mas digamos que... "não é bem isso que você está pensando". O texto está inserido em todo um contexto específico. Vou ajudar vocês a entendê-lo através de algumas pistas.
É possível notar que o texto possui 3 personagens, 3 "pessoas"; só é necessário identificá-las. Há a primeira pessoa: o personagem rejeitado, a segunda: o rejeitador e a terceira: "Ela". Aqui vão as pistas:
1ª Eu, Italo, sou uma dessas pessoas;
2ª Repare que a pessoa rejeitada, embora não pareça, assinou o texto;
3ª Observe a data do post e a última frase do último parágrafo, veja também que a terceira pessoa é um personagem feminino...

E aí, deu pra descobrir? Pra quem não estuda na UFPB talvez fique mais complicado (Epa, dei uma quarta dica!) ...